Na recolha dos despojos e
após o quadriénio de uma luta aberta
todas as manhãs, os competidores merecem o justo galardão. Os vencedores e os
vencidos. Aqueles por terem alcançado o cimo da montanha. Estes, os vencidos,
por terem estruturado o regime democrático: sem o seu ingresso na corrida, seria
nula a vitória do Poder soberano consignado ao Povo. Numa palavra, não havia Democracia.
Tal como no grande estádio, sem o concurso do adversário em campo, seriam
inválidos todos os golos marcados. Por isso, um aplauso a quem entrou na liça
para a nobre disputa de bem servir a sua terra e as suas gentes.
Hoje, o rectângulo verde
era a sala quadrangular da assembleia de voto. E a baliza, aquela caixa negra
onde os eleitores marcavam golos. Porém,
o maior vencedor foi justamente o próprio votante. Quem marcou golos foi quem
votou. Goleadores foram os eleitores e não os eleitos.
Magnífica instituição
esta em que não há distinção entre a mão do pobre e a mão do rico e onde o
forte não tem mais força que o fraco. A pequena urna torna todos iguais, da
mesma forma que a morte nivela todos pela mesma horizontalidade térrea. Por
isso, ela é negra, da cor derradeira da vida…
Aos vencedores:
1º - Agradecei os votos
que vos deram, não como paga da jorna, mas como a pesada ferramenta com que ireis
trabalhar vinte e quatro horas por dia durante quatro ‘longos’ anos.
2º - Quem vos elegeu não
pôs uma coroa de louros dourados sobre a vossa cabeça, mas decididamente uma
coroa de espinhos com os quais fareis o 'milagre das rosas' em prol do vosso
Povo.
3º - Lembrai-vos de
Sérgio Godinho e dizei baixinho no vosso íntimo: “Hoje é o primeiro dia do resto
do meu mandato”. E o quatro anos que julgais longos tornar-se-ão breves como
quatro dias de espuma que se desfazem na areia… Ou como os dias fugazes do
vosso anterior mandato.
Com este triângulo
ideológico impresso na vossa fronte, será um sucesso inteiro o vosso serviço. E,
no fim, o maior galardão será reconhecer e repetir a directiva do Supremo Líder
e Pedagogo: “Somos servos inúteis. Não fizemos mais que o nosso dever”.
(Lc.17,10)
01.Out.17
Martins Júnior
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