sexta-feira, 27 de outubro de 2017

PORTUGUÊS=INCENDIÁRIO NUM PAÍS EM CHAMAS…


Hoje, vejo-me na pele de fugitivo. E corro, a sete léguas, para o mais alto dos Pirinéus, de onde avisto esta ‘jangada’ breve chamada Portugal. Revejo nela o mesmo pânico do famoso  “Paris está  a Arder”. Mas agora é o meu país.
O fogo devorador de Pedrógão Grande pegou-se com Leiria, Lousã, Coimbra, Viseu,
Alastrou-se pelas auto-estradas, chegou a Lisboa,  abalou São Bento, chamuscou Belém, incendiou a Assembleia da República, assou na grelha Ministra e  Ministério.
Bateu à porta dos sindicatos e poucos escaparam. Ao cordão em brasa  agarram-se os médicos, os enfermeiros, mais a brigada dos polícias, guardas,  professores,  contínuos, os públicos funcionalismos. Agora é que é! “Vamos ao bolo, que isto está quente e até dá jeito começar o fim-de-semana mais cedo”… Das queimaduras não se livram os doentes nos hospitais e as crianças nas escolas. O importante é largar Pedrogão da mão e  mandar gás ao Orçamento.
A paranóia incendiária até já chegou ao Porto, trepou as escadas da Relação e pega gasolina à mulher. O juiz e a juíza casam-se de toga e atiram para a fogueira, não uma, mas todas as mulheres da terra, filhas de Eva, condenadas pelo Livro do velho Jeová. Mas vêm a seguir os bispos e 'queimam' o Vétero-Testamento, a pedido da pecadora Madalena.  Quem se livra deste manicómio em chamas?!...
E como  o “mal quando vem toca a todos”,  também lá andam vestidos do perigo “laranja” os donos do laranjal, a atirar granadas de fogo do sul para o norte e do norte para o sul, à espreita do perigo “vermelho”.
Ainda sobram aqui e além mais umas mangueiras combustíveis entre o “coiceboll” e os apitos já pretos de carvão, mais fora que dentro dos estádios. E ainda há quem por aí se espante dos 30 graus que afogam o ar que todos respiramos… Para cúmulo, o sufoco faz aparição na casa do vizinho e estala também  na Catalunha exaltada e exaltante.
E agora, digam-me ou não se estou condenado a vestir a pele do fugitivo para escapar ao contágio desta fúria pirómana?
Ou sátira ou rábula ou parábola, entendam como quiserem o  “COM ou SEM SENSO” de hoje. Mas, ao menos,  permitam-me desabafar: com tanto inferno à solta, as próprias chamas que porventura seriam necessárias anulam-se umas às outras, tal a fumaça intempestiva e desabrida  com que se apresentam ao país.
Quando virá a chuva benfazeja para apagar  nervuras e neurónios?...

27.Out.17
Martins Júnior   

   

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