Separados pelo abismo de quase dois
séculos, não consigo dissociá-los de mim mesmo: o fim do Holocausto (1945) e o nascimento de Mozart
(1756).Nada mais reconfortante que imaginar o violino de Mozart quando se
abriram os férreos portões de Auschwitz.
Foi preciso
que as metralhas
Caíssem
mudas no chão
Foi preciso
que as fornalhas
Devolvessem
aos ossos em cinza
O brilho da
carne reluzente
Que
engoliram
Tinhas de
estar ausente
Desse deserto-jaula
de horror e gritos
Ninguém te
ouvia
Nem te
sonhava sequer
A etérea
sinfonia
E aquela
maga flauta
Escrita na
futura pauta
Da tua mão
a haver
Tendo vindo
antes
Chegaste
depois
Da tragédia
infernal
Vem de novo
Alça o
estro de outrora e lavra
O Requiem para Israel, a cruel
A assassina
E tece a Marcha Triunfal
Para a
ainda e sempre mártir Palestina
27.Jan.18
Martins Júnior
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