sábado, 27 de janeiro de 2018

27 DE JANEIRO - HOLOCAUSTO E CÂNTICO

Separados pelo abismo de quase dois séculos, não consigo dissociá-los de mim mesmo: o fim do  Holocausto (1945) e o nascimento de Mozart (1756).Nada mais reconfortante que imaginar o violino de Mozart quando se abriram os férreos portões de Auschwitz.

                                                         


Foi preciso que as metralhas
Caíssem mudas no chão
Foi preciso que as fornalhas
Devolvessem aos ossos em cinza
O brilho da carne reluzente
Que engoliram

Tinhas de estar ausente
Desse deserto-jaula de horror e gritos
Ninguém te ouvia
Nem te sonhava sequer
A etérea sinfonia
E aquela maga flauta
Escrita na futura pauta
Da tua mão a haver

Tendo vindo antes
Chegaste depois
Da tragédia infernal 

Vem de novo
Alça o estro de outrora e lavra
O Requiem para Israel, a cruel
A assassina
E tece a Marcha Triunfal
Para a ainda e sempre mártir Palestina

27.Jan.18

Martins Júnior

Sem comentários:

Enviar um comentário