O que nós éramos…e o que nós somos!
Bem poderia ser este o conteúdo do Senso&Consenso do 5 de Julho. De 2018.
Ao ver e ouvir Leonel de Brito, Elso Roque, Rogério Rodrigues – o realizador, o
chefe de fotografia, o guionista – impossível seria deixar de revisitar os
planos, os figurinos, pessoas e lugares que, precisamente há 40 anos, deram
corpo e alma a esse monumento vivo que dá pelo nome de COLONIA E VILÕES. Foi hoje um daqueles episódios que valem uma vida! Porque traduzem os milhares de
atalhos e veredas percorridos em vão à procura de um filho que se perdera de
vista.
Eles - Leonel, Elso, Rogério
– e eu, por arrasto, andávamos em busca do “Santo Graal” produzido nesse
longínquo 1977 e só há pouco reencontrado e restaurado (rejuvenescido) pela Cinemateca
Nacional e pela Academia Portuguesa de Cinema, com a persistente competência de
Elso Roque. Digo “Santo Graal” porque ele ficou escondido, aprisionado pelo
poder político regional durante todos estes anos e, conscientemente ou não,
pelos meandros do poder central. “Santo Graal”, também pelo que ele guarda do
sofrimento, da coragem e da luta de um Povo ansioso da sua própria libertação.
Perante um auditório especializado,
predominantemente da área do áudio-visual, os criadores de COLONIA E VILÕES fizeram desfilar as circunstâncias, as peripécias,
os ardilosos estratagemas a que tiveram de recorrer para conseguir ultrapassar
(na gíria, fintar) as barreiras acintosas e grosseiras com que o regime
madeirense - Governo e Diocese – cerrava o passo ao rigoroso trabalho de
investigação e registo levado a cabo por uma equipa de jovens cineastas. Dava
enredo para um outro filme contar as cenas passadas nos bastidores, os avanços e
recuos a que os obrigava a insolente
ignorância dos detentores do poder. Geração
de ouro é o qualificativo que merecem esses jovens que tudo davam, numa
generosidade sem limite, para cumprir o seu sonho de levar a todos os
portugueses o exacto conhecimento do seu país, como de resto o fizeram, não só
na ilha, mas noutros recantos de Portugal.
Hoje fico-me por aqui,
saboreando o gosto de uma saudade, enfim, satisfeita, agradecendo também o
convite para partilhar a honra e a alegria deste reencontro, sobretudo por
ainda estar vivo – serei talvez um dos poucos ´sobreviventes´ que entram no
filme-documentário. Ulteriores considerações sobre COLONIA E VILÕES deixá-las-ei para outra oportunidade.
Parafraseando o “velho
cacilheiro” do talentoso José Viana, apraz-me saudar o Leonel, o Elso, o
Rogério e toda a equipa, reafirmando que as rugas vieram, as barbas
branquearam, mas em COLONIA E VILÔES o
vosso olhar é sempre novo.
Até breve, a qualquer
hora, na ilha!
05.Jul.18
Martins Júnior
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