Enquanto
escrevo, entram-me pela janela os acordes esfusiantes dos jovens rodopiando na
sala de visitas da sua terra matriz. É Festa, desde o dia de ontem. Festa
estrutural e mobilizadora. E porque sei de muitos que seguiram atentamente a
abertura do palco da festa através do último texto, eis-me agora a confirmar
por este meio que foi o Povo quem ocupou a centralidade executiva, estrutural
do acontecimento, desde os contributos financeiros, não tabelados, mas
espontâneos, até ao núcleo programático
fundamental.
Esclareço
que se trata de uma efeméride alusiva a Maria de Nazaré, sob o signo de ‘Senhora
do Amparo’, diferenciando-se, por isso, das festas tendencialmente profano-pagãs
em que a espiritualidade fica à espera da segunda-feira. Neste preciso
alinhamento, constituiu um momento alto, quando, alternamente, um homem e uma mulher se levantaram do seu
lugar para ler e comentar na tribuna os dois textos litúrgicos, o primeiro de
Isaías e o segundo de Tiago, ambos adaptados à realidade sócio-cultural desta
comunidade. Que beleza e que originalidade reveladas na interpretação
da Escritura, por parte de cristãos-de-base! Por não ser académica ou estereotipada,
a interpretação é mais transparente e ganha mais autenticidade e vigor.
A
tuna jovem e os diversos grupos representativos das zonas demarcadas da comunidade
descreveram em coreografia, canto e verso, todos originais, os capítulos mais
impressivos da história da Ribeira Seca, “Povo de diamante/Brilhante/Nas
montanhas de basalto e de ternura”! Houve ainda espaço para os chamados “conjuntos
electrónicos”, mas os protagonistas foram, já por tradição, os habitantes do
lugar.
Enfim,
cumpriu-se o 8 de Setembro – aniversário
convencional da Natividade de Maria de Nazaré – e, com Ela, encheu-se de luz
solidária a paisagem humana de quem aqui vive. Parabéns ao Povo!
09.Set.18
Martins Júnior
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