Homenagens há muitas,
como os chapéus e as ilusões. Mas uma só é verdadeira e é aquela que começa e
acaba no coração da colectividade. As homenagens de teor individual, estáticas
e narcisistas, têm um único destino: tão depressa se levantam, quão depressa
abortam e morrem. Porque ficam amarradas a um poste – seja ele de ouro ou de
prata, seja lago azul ou envernizado charco - e dali não saem..
Homenagens vivas, verdadeiras são as que
nascem no grande mar vermelho do coração do povo e para lá voltam, depois de
contornar a ilha, o vale, a casa humilde que lhes deu o mote. A homenagem
individual é fechada e estéril, a homenagem colectiva é aberta, franca,
expansiva e reprodutiva. Porque regressa, aumentada e multiplicada, à sua
nascente original.
Assim vi o mar de gente, de tantos e tão
diversos lugares, entrar no portal sereno da Ribeira Seca e ali fecundar de
sonho e primavera os oitenta novembros, irmãos gémeos de todos quantos ali se
abraçaram em meu redor. Ali sentiu-se o palpitar de todas as vidas e o seu
ritmo – sempre longo e sempre breve – até soarem as badaladas finais que unem o
berço à sepultura. Pelo meio está o recheio: a força, o optimismo, os prantos e
sorrisos, as pétalas que sobrepujam os espinhos. E todos ficámos mais jovens e dinâmicos,
galvanizados daquela nobre ambição de expandir mais vida nos lugares de onde
viemos.
Agradecimentos mil, redobrados pelas
presenças amigas. Mas o melhor da festa foi aquela menina que ostentava nas
mãos uma espécie de brinquedo em forma do cardinal “oito” revestido de um
amarelo dourado. “Porquê esse brinquedo ?”, perguntei. Junto aos pais, ela
prontamente respondeu; “É que eu faço hoje oito anos, é a minha prenda”. Que
beleza! Ali riscou-se o velho aforismo “nem oito nem oitenta”. Pois ali foi
mesmo “oito e oitenta” ao vivo, seguido de um diálogo emotivo e animador. Caminhos que
se cruzam – uns que começam e outros que se cumprem, há oito longas décadas!
Aos
de perto e aos de longe, unidos no chão sagrado da Ribeira Seca ou pelas redes
sociais, o meu afecto e a minha gratidão num caloroso “Bem Hajam”. E vivam, vivam!!!
16.Nov.18
Martins
Júnior
Sem comentários:
Enviar um comentário