sábado, 17 de novembro de 2018

NEM OITO NEM OITENTA – O Melhor da Festa!


     Homenagens há muitas, como os chapéus e as ilusões. Mas uma só é verdadeira e é aquela que começa e acaba no coração da colectividade. As homenagens de teor individual, estáticas e narcisistas, têm um único destino: tão depressa se levantam, quão depressa abortam e morrem. Porque ficam amarradas a um poste – seja ele de ouro ou de prata, seja lago azul ou envernizado charco -  e dali não saem..
        Homenagens vivas, verdadeiras são as que nascem no grande mar vermelho do coração do povo e para lá voltam, depois de contornar a ilha, o vale, a casa humilde que lhes deu o mote. A homenagem individual é fechada e estéril, a homenagem colectiva é aberta, franca, expansiva e reprodutiva. Porque regressa, aumentada e multiplicada, à sua nascente original.
        Assim vi o mar de gente, de tantos e tão diversos lugares, entrar no portal sereno da Ribeira Seca e ali fecundar de sonho e primavera os oitenta novembros, irmãos gémeos de todos quantos ali se abraçaram em meu redor. Ali sentiu-se o palpitar de todas as vidas e o seu ritmo – sempre longo e sempre breve – até soarem as badaladas finais que unem o berço à sepultura. Pelo meio está o recheio: a força, o optimismo, os prantos e sorrisos, as pétalas que sobrepujam os espinhos. E todos ficámos mais jovens e dinâmicos, galvanizados daquela nobre ambição de expandir mais vida nos lugares de onde viemos.
        Agradecimentos mil, redobrados pelas presenças amigas. Mas o melhor da festa foi aquela menina que ostentava nas mãos uma espécie de brinquedo em forma do cardinal “oito” revestido de um amarelo dourado. “Porquê esse brinquedo ?”, perguntei. Junto aos pais, ela prontamente respondeu; “É que eu faço hoje oito anos, é a minha prenda”. Que beleza! Ali riscou-se o velho aforismo “nem oito nem oitenta”. Pois ali foi mesmo “oito e oitenta” ao vivo, seguido de um diálogo emotivo e animador. Caminhos que se cruzam – uns que começam e outros que se cumprem, há oito longas décadas!
Aos de perto e aos de longe, unidos no chão sagrado da Ribeira Seca ou pelas redes sociais, o meu afecto e a minha gratidão num caloroso “Bem Hajam”.  E vivam, vivam!!!     
        16.Nov.18
        Martins Júnior

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