Mais
que homenagem - recordando e acompanhando Francisco Álvares de Nóbrega, “O
Nosso Camões” (1773-1806)
Não te
levanto trono nem ara
Não te
coroo a fronte do louro dos poetas
Hoje
Sentado no
penedo desta noite rara
Espero
aquela “hora atenuada”
Em que
viste “a primeira luz do sol sereno
Em pobre
sim mas paternal morada”
Seguir-te-ei
os passos pela estrada
Da Banda d’Além
ao Cais do Desembarcadouro
Que ainda
guarda a tua infância
No chão
pedrado que transformaste em ouro
Contigo
rumo ao monte funchalense
Parnaso da
Ilha varanda capital
De onde
largaste a brisa e o vendaval
De rimas glosas
sátiras éclogas canções
Com que
douraste o céu cinzento
Do Funchal
Ver-te no
alto das torres do poético festim
Foi como ver
o sol de Abril futuro
Nascer
dentro de mim
Mas
depressa se fez noite de breu
Quando
outro Torres de satânico solidéu
Te sufocou te
agrilhoou e sepultou
No antro
vil do sacro Aljube
Onde o
velho Satã devora a juventude
Na mesma
cela do crime e do ultraje
Curto
contigo a mágoa o desespero
De ver em
ferros o justo o inocente
Connosco
está Barbosa du Bocage
Vate Sadino
o combatente
Elmano teu
e nosso Talismã
Da
Liberdade que chega
No primeira
colina da manhã
Foi o mais
ledo e o mais amargo
De todos os
avatares
Vimos fugir
o Torres o déspota mitrado
E vimos
logo surgir Luis Rodrigues Vilares
O Arcanjo
Libertador
Que nos quebrou
as grades do pérfido Aljube
Mas tarde
chegou a manhã da Liberdade
Contigo
subi a ladeira da rua estreita
De São João
Nepomuceno
Deitei-te
na enxerga como se ajeita
Um
sem-abrigo justo sereno
Por tuas
mãos
Já mortiças
mutiladas
Do tormento
e não da idade
Fechaste as
cortinas da vida
E abriste
as janelas
Da perdida
Liberdade
Partiste lá
longe
E eu fiquei
À beira-rio
de Machico
Por isso
toda a noite
Aqui fico
Olhando
aquela janela
Para
entregar-te a manhã
Serena e
livre
Que tanto
sonhaste
E nunca
alcançaste
29.Nov.18
Martins
Júnior
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