Como
são-no todos os dias de festa, este é também dia de exame.
Por ser festa, eu te saúdo, TV-Caixa, que
tanto tens de mágico e malabarista-ilusionista
de feira! Reconheço-te o supremo poder de erguer e derrubar presidentes,
ditadores, vilões e heróis. Temo, mas não te invejo, a tirania de entronizar no
altar da praça o mais vil dos carrascos e de queimar inocentes na fogueira dos
templos.
Foi esse o teu império, onde levantastes
a torre de menagem – inexpugnável, imbatível – até ao dia em que o clic de um dedo infantil te derrubou do
trono. Hoje, em cada vão de escada ou em cada mão vadia reina um outro império
imagético que faz implodir, num sopro, todo o teu poder de outrora. E se quando
nasceste soaram as campainhas das boas novas, preto-e-branco ou coloridas, hoje
ressoam os carrilhões do mundo inteiro face ao nascimento das novas tecnologias
– net, twitter, instagram e afins – que te ombreiam e ultrapassam. Para bem?...
Para mal?... Entre as duas barricadas, venha o demo e escolha. Os Trump’s e os
Bolsonaro´s arrumaram-te as botas. Oxalá o sabor amargo da derrota das “caixas
mágicas” te ensine a mudar de caminho.
Bem sei que não é tua a culpa,
TV-Caixa! São as mãos que te pegam e te despem, são os míseros serventuários do
poder político-financeiro que te tornam mestra ou prostituta, são os famélicos
refugiados da fome ou das imerecidas benesses os que te fazem bela ou
nauseabunda. Também és o joguete de interesses que não são (ou não deveriam ser)
os dos teus consumidores.
Para reconquistar o paraíso perdido das
tuas audiências, terás de mudar de caminho – o de ser mais inteligente, arguta
e sábia que as tuas concorrentes. Mas, para desdita nossa, parece que são elas
a ler-te a cartilha: queres competir com os monótonos esgares de futebol logo
na abertura da emissão, perdes tempo e dinheiro (que é de todos) com passeatas nocturnas por bares e etilizáteis
acordes de publicidade gratuita e, ainda
por cima, pregas-nos com entrevistadores “pau-de-toda-a-obra”, tão enfadonhos como
as perguntas que dirigem aos convidados da “região demarcada”. E, se não
achares abusivo da minha parte, deliciosa caixa-amiga, ordena que os teus
serventes saiam da alcova onde moras e façam-se à estrada em busca dos informes
fidedignos de que a população carece e deseja.
Em dia de festa, um Voto: que voltes a
ser mensageira e mestra do Povo que é teu credor e legal destinatário!
21.Nov.18
Martins
Júnior
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