Acrescentem
mais 17 pilares de exclamação para emoldurar os 20 anos de Libertação, Aponham
20 luzeiros erguidos ao alto, brilhantes, candentes do Sol que não tem ocaso. Semeiem
20 embondeiros cobrindo de frescura e magia o ardente braseiro do Leste
timorense.
Daqui
de longe, saudamos a marcha dolorosa e gloriosa de um Povo que soube talhar na
magreza dos próprios ossos a grandeza de uma vitória que ao mundo parecia
inacessível.
O
frágil pastor das serranias distantes venceu, enfim, o possante Golias urbano
de Jacarta!
Mas
o pequeno David era mais, muito mais que ele, não cabia no corpo exíguo do
guardador de rebanhos. Ele incarnava a multidão imensa dos explorados, dos
proscritos, dos corpos e almas esmagadas pela ditadura.
Plantada
na fome, irrigada com sangue, alcandorada ao pódio mundial, a sua Vitória
ultrapassa as fronteiras da ilha e dos continentes, abraça o mundo inteiro e
percorre os subterrâneos de outra terra,
irmã gémea, a martirizada Ucrânia, até se entrelaçarem ambas no mesmo
vértice da Paz global.
Com
ele, o pequeno David, esteve alguém que lhe deu ânimo e, mais do que isso, deu
a cara na praça pública em defesa do seu Povo. Chamava-se MARTINHO DA COSTA
LOPES, bispo de Timor, ainda sob o domínio da Indonésia.
Trago-o
hoje aqui, esse guerreiro pacifista que sempre se opôs à agressão de Shuarto e,
por isso, pagou com o exílio amargo a firmeza do seu patriotismo, perante o
silêncio colaboracionista do Vaticano.
Trago-o
hoje aqui e curvo-me comovido perante a sua memória, porque, ainda sob o regime
indonésio, ele esteve em Machico - na
Ribeira Seca – e no palco aberto do adro falou à população que acorreu
emocionada de vários pontos da ilha.
Não
resisto a denunciar a posição do jornal diocesano, quando titulou a visita do
prelado timorense nestes execráveis termos: “O bispo de Dili não é bispo”!
Trago-o hoje aqui, porque Machico perpetuou o seu nome e a sua mensagem numa das ruas da sede do concelho – RUA D. MARTINHO DA COSTA LOPES, BISPO DE TIMOR, – a, actualmente requalificada, entrada que dá acesso rodoviário ao templo da Ribeira Seca. Coube-me a honra de, então presidindo à Câmara Municipal, ter cumprido o dever colectivo da mais justa gratidão.
Da
gravura que encima esta modesta homenagem emergem dois “heróis” da verdadeira
missão que incumbe a todo o ser humano: a luta consciente e preferencialmente pacífica
pelo Pão, pela Justiça, pela Democracia. O Padre Tavares Figueira e o Bispo de
Timor, videntes e fautores de um Mundo Novo!
E
porque, enquanto escrevo em 19 de Maio, lá longe no ‘Sol Nascente’ já outra
manhã começou, a alvorada do "20 de Maio" - os 20 anos da Independência! - daqui desfraldo a bandeira comum da
Liberdade, retomando o pregão que tantas vezes proclamei na tribuna
parlamentar: “Eu venho daquela terra onde o sol nasce primeiro”.
Mas,
primeiro que Machico, é LAURO SAE!
Timor
e Machico – onde o Sol nasce primeiro !!!
19.Mai.22
Martins Júnior
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