sábado, 21 de maio de 2022

REVOLUÇÃO NA ESCOLA !

 

 


Ninguém viu, ninguém ouviu, ninguém sentiu.

Quando digo “Ninguém”  digo o vasto mundo, os guarda-livros do poder, os de ‘boa-vontade’ de desenhar e de tamanha ‘má-vontade’ de agir. E que neste embalo d’alma “ledo e cego” dormem descansados na almofada do dolce far niente, nada fazer e deixar correr, mesmo que seja o abismo. É a expressão grosseira do nefasto liberalismo escolar: laissez faire, laissez passer!

Não deu nas vistas, mas o que se passou nestes dois últimos da semana em Machico, foi um tumulto silencioso, um maremoto sacudidor das ilhas (a que chamamos escolas) onde se argamassa o mundo de amanhã. Digo bem – ilhas! – porque foi esse esse um dos grandes vectores-alvo de todas as intervenções produzidas neste que foi o “II SEMINÁRIO DA EDUCAÇÃO E COMUNIDADE”: o conceito de Escola que, no século XXI, ainda continua disperso, distante, desarticulado da vida, como se pernas, braços, coração, pulmões e cérebro, situados a léguas de distância uns dos outros, pudessem chamar-se corpo humano em normal actividade de funções.

Ilustres e experimentados mestres em Portugal e no estrangeiro aportaram às terras de Tristão Vaz e, mais que o navegador quinhentista, desbravaram “aquele espesso negrume” em que mergulha e se afoga o ensino das crianças e jovens de hoje, o mesmo que dizer os homens e mulheres de quem estamos à espera na primeira curva do amanhã. Reitero o elenco de primeira água que a entidade promotora, a Câmara Municipal de Machico, trouxe até nós: o Prof. José Pacheco (da famosa escola da Ponte) o Prof. Dr. Carlos Neto, o Prof. Dr. Jacinto Jardim, a Profª Dr.ª Cosme Ariane, a Profª. Drª. Maria João Beja, o Prof. André Escórcio, a Drª Emília Spínola, a Profª Alexandra Teixeira. Estes e outros ‘colaboradores dos que aprendem’ falaram, esclareceram o imenso auditório (maioritariamente docentes)  não só sobre a teoria do saber académico, mas sobretudo de “um saber de experiência feito” acerca dos métodos e objectivos que devem presidir à Escola – uma escola do futuro, intensamente inclusiva e que não corte às crianças as asas do sonho, que não faça delas ‘robots’ telecomandados, mas que as liberte para a vida, para a socialização, para a inteira formação humanista, telúrica, abrangente.

Educação telúrica!... Sem o contacto com a terra, a natureza, o corpo e, em perfeita simbiose, com a cultura, a escola e a família, nunca haverá Escola perfeita. Foi este o fio condutor destas jornadas que bem merecem o estatuto de “memoráveis” em toda a vida daqueles que tiveram o privilégio de as  acompanhar e sentir.

  A partir de hoje, em  Machico, um novo fôlego transformador da história nasceu: o despertar para a verdadeira Escola: a Vida !

 

21.Mai.22

Martins Júnior

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