Ninguém
viu, ninguém ouviu, ninguém sentiu.
Quando
digo “Ninguém” digo o vasto mundo, os guarda-livros
do poder, os de ‘boa-vontade’ de desenhar e de tamanha ‘má-vontade’ de agir. E
que neste embalo d’alma “ledo e cego” dormem descansados na almofada do dolce far niente, nada fazer e deixar
correr, mesmo que seja o abismo. É a expressão grosseira do nefasto liberalismo
escolar: laissez faire, laissez passer!
Não
deu nas vistas, mas o que se passou nestes dois últimos da semana em Machico,
foi um tumulto silencioso, um maremoto sacudidor das ilhas (a que chamamos escolas)
onde se argamassa o mundo de amanhã. Digo bem – ilhas! – porque foi esse esse
um dos grandes vectores-alvo de todas as intervenções produzidas neste que foi
o “II SEMINÁRIO DA EDUCAÇÃO E COMUNIDADE”: o conceito de Escola que, no século
XXI, ainda continua disperso, distante, desarticulado da vida, como se pernas,
braços, coração, pulmões e cérebro, situados a léguas de distância uns dos
outros, pudessem chamar-se corpo humano em normal actividade de funções.
Ilustres
e experimentados mestres em Portugal e no estrangeiro aportaram às terras de
Tristão Vaz e, mais que o navegador quinhentista, desbravaram “aquele espesso
negrume” em que mergulha e se afoga o ensino das crianças e jovens de hoje, o
mesmo que dizer os homens e mulheres de quem estamos à espera na primeira curva
do amanhã. Reitero o elenco de primeira água que a entidade promotora, a Câmara
Municipal de Machico, trouxe até nós: o Prof. José Pacheco (da famosa escola da
Ponte) o Prof. Dr. Carlos Neto, o Prof. Dr. Jacinto Jardim, a Profª Dr.ª Cosme
Ariane, a Profª. Drª. Maria João Beja, o Prof. André Escórcio, a Drª Emília Spínola,
a Profª Alexandra Teixeira. Estes e outros ‘colaboradores dos que aprendem’
falaram, esclareceram o imenso auditório (maioritariamente docentes) não só sobre a teoria do saber académico, mas
sobretudo de “um saber de experiência feito” acerca dos métodos e objectivos que
devem presidir à Escola – uma escola do futuro, intensamente inclusiva e que
não corte às crianças as asas do sonho, que não faça delas ‘robots’ telecomandados,
mas que as liberte para a vida, para a socialização, para a inteira formação
humanista, telúrica, abrangente.
Educação
telúrica!... Sem o contacto com a terra, a natureza, o corpo e, em perfeita
simbiose, com a cultura, a escola e a família, nunca haverá Escola perfeita.
Foi este o fio condutor destas jornadas que bem merecem o estatuto de “memoráveis”
em toda a vida daqueles que tiveram o privilégio de as acompanhar e sentir.
A
partir de hoje, em Machico, um novo
fôlego transformador da história nasceu: o despertar para a verdadeira Escola:
a Vida !
21.Mai.22
Martins Júnior
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