terça-feira, 3 de maio de 2022

AS FEIRAS FRANCAS DO SABER – SAUDAÇÃO À 10ª FEIRA DO LIVRO EM MACHICO

                                                                           


Feiras Francas sempre as houve ao longo da história de Portugal, algumas até deram nome e identidade a novos municípios e a novas cidades. Feiras de sabores, de artesanato, de usos e costumes, feiras comerciais de gado, de agricultura e, mais actualmente, de flores, modas, automóveis novos e usados, enfim, toda a vida sócio-económica transformada numa enorme feira a céu-aberto.

         De todas as feiras, porém, uma outra tem vindo a destacar-se, ultimamente, por iniciativa dos poderes locais da Região. Chamo-lhe a Feira Franca do Saber e refiro-me às várias edições da FEIRA DO LIVRO, umas na sua primeira edição, outras na terceira e, neste caso, a décima: a FEIRA DO LIVRO EM MACHICO.

         A partir de  4 de Maio de 2022 e até domingo, a quantos visitarem a “Primeira Capitania da Madeira”, desde 1440, Machico patenteará  uma magna Feira de Saberes que vão desde a música à poesia, desde a arquitectura à história, envolvendo no mesmo cardápio de manjares culturais diversas idades, extratos sociais e existenciais, cuja sensibilidade e mentalidade sentir-se-ão cativadas e consonantes naquele recinto

         Impossível debruçar-me sobre todos os temas, livros e produções que ali serão apresentadas. Do cartaz informativo, permita-se-me destacar três momentos-chave do evento:

         A reedição de todas as canções de José Afonso, uma iniciativa que está a ser levada a efeito em todo o Portugal e que, pelas 18 horas desta quarta-feira,  trará ao amplo Largo da Praça, a Associação José Afonso (AJA) com a presença do seu presidente Francisco Fanhais, Domingos Morais e Augusto Pimenta. Nessa altura, Fanhais interpretará algumas canções emblemáticas do imortal Cantor da Liberdade.

         Na quinta-feira, 5 de Maio, pelas 16,30h, algo de inédito acontecerá: o lançamento de uma obra dedicada a um bem definido núcleo populacional, a Ribeira Seca. São suas autoras Irene Catanho (texto) e Rafaela Rodrigues (ilustrações). Embora descrito como conto infanto-juvenil, o conteúdo da “FESTA QUE O POVO É”  - com prefácio do abalizado historiador, Prof. Eduardo Franco, natural de Machico – é um repositório genuíno da história de um povo deste concelho e tem como destinatários, não só jovens e crianças, mas também adultos e idosos que nessas páginas verão reflectidas as suas próprias vidas.

         A narrativa da centenária Banda Municipal de Machico é a terceira  a subir ao pódio desta 10ª Feira do Livro e acontecerá no dia 8 de Maio, data da outorga, pelo Infante D. Henrigue, da Primeira Capitania da Madeira ao navegador Tristão Vaz Teixeira. A título historiográfico, sublinha-se que  a Capitania do Funchal só viu a luz da oficialidade em 1450. São autores Sónia Franco e Manuel Spínola.

         Sem prejuízo do valor das restantes prestações, a relevância dada a estas duas obras teve por motivação a singularidade de serem produção autóctone de  gente da terra: são de Machico os seus autores e, por isso, é genuína e calorosa a sua mensagem.

Como a 10ª Feira do Livro em Machico ostenta garbosamente o nome do seu patrono – o exímio sonetista Francisco Álvares de Nóbrega (1773-1806) – a ‘Tuna de Câmara’ interpretará o soneto que dedicou a Machico e que o próprio titulou como “À Pátria do Autor”.

Uma saudação do tamanho da baía à entidade promotora, a Câmara Municipal de Machico, na pessoa da sua incansável e proficiente Vereadora da Cultura, Profª Mónica Vieira.

         Não obstante as muitas e diversificadas iniciativas que a Madeira oferece nesta primeira semana de Maio por toda a Ilha, vai valer a pena vir a Machico e saborear o SABER que emana desta prestimosa 10ª Feira do Livro!

 

         03.Mai.22

         Martins Júnior

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