Feiras
Francas sempre as houve ao longo da história de Portugal, algumas até deram
nome e identidade a novos municípios e a novas cidades. Feiras de sabores, de
artesanato, de usos e costumes, feiras comerciais de gado, de agricultura e,
mais actualmente, de flores, modas, automóveis novos e usados, enfim, toda a
vida sócio-económica transformada numa enorme feira a céu-aberto.
De todas as feiras, porém, uma outra
tem vindo a destacar-se, ultimamente, por iniciativa dos poderes locais da
Região. Chamo-lhe a Feira Franca do Saber e refiro-me às várias edições da
FEIRA DO LIVRO, umas na sua primeira edição, outras na terceira e, neste caso,
a décima: a FEIRA DO LIVRO EM MACHICO.
A partir de 4 de Maio de 2022 e até domingo, a quantos
visitarem a “Primeira Capitania da Madeira”, desde 1440, Machico patenteará uma magna Feira de Saberes que vão desde a
música à poesia, desde a arquitectura à história, envolvendo no mesmo cardápio
de manjares culturais diversas idades, extratos sociais e existenciais, cuja
sensibilidade e mentalidade sentir-se-ão cativadas e consonantes naquele
recinto
Impossível debruçar-me sobre todos os
temas, livros e produções que ali serão apresentadas. Do cartaz informativo,
permita-se-me destacar três momentos-chave do evento:
A reedição de todas as canções de José
Afonso, uma iniciativa que está a ser levada a efeito em todo o Portugal e que,
pelas 18 horas desta quarta-feira, trará
ao amplo Largo da Praça, a Associação José Afonso (AJA) com a presença do seu
presidente Francisco Fanhais, Domingos Morais e Augusto Pimenta. Nessa altura,
Fanhais interpretará algumas canções emblemáticas do imortal Cantor da Liberdade.
Na quinta-feira, 5 de Maio, pelas
16,30h, algo de inédito acontecerá: o lançamento de uma obra dedicada a um bem
definido núcleo populacional, a Ribeira Seca. São suas autoras Irene Catanho
(texto) e Rafaela Rodrigues (ilustrações). Embora descrito como conto
infanto-juvenil, o conteúdo da “FESTA QUE O POVO É” - com prefácio do abalizado historiador, Prof.
Eduardo Franco, natural de Machico – é um repositório genuíno da história de um
povo deste concelho e tem como destinatários, não só jovens e crianças, mas
também adultos e idosos que nessas páginas verão reflectidas as suas próprias
vidas.
A narrativa da centenária Banda
Municipal de Machico é a terceira a
subir ao pódio desta 10ª Feira do Livro e acontecerá no dia 8 de Maio, data da
outorga, pelo Infante D. Henrigue, da Primeira Capitania da Madeira ao
navegador Tristão Vaz Teixeira. A título historiográfico, sublinha-se que a Capitania do Funchal só viu a luz da oficialidade
em 1450. São autores Sónia Franco e Manuel Spínola.
Sem prejuízo do valor das restantes
prestações, a relevância dada a estas duas obras teve por motivação a
singularidade de serem produção autóctone de gente da terra: são de Machico os seus autores
e, por isso, é genuína e calorosa a sua mensagem.
Como
a 10ª Feira do Livro em Machico ostenta garbosamente o nome do seu patrono – o exímio
sonetista Francisco Álvares de Nóbrega (1773-1806) – a ‘Tuna de Câmara’ interpretará
o soneto que dedicou a Machico e que o próprio titulou como “À Pátria do Autor”.
Uma
saudação do tamanho da baía à entidade promotora, a Câmara Municipal de Machico,
na pessoa da sua incansável e proficiente Vereadora da Cultura, Profª Mónica
Vieira.
Não obstante as muitas e diversificadas
iniciativas que a Madeira oferece nesta primeira semana de Maio por toda a Ilha,
vai valer a pena vir a Machico e saborear o SABER que emana desta prestimosa
10ª Feira do Livro!
03.Mai.22
Martins
Júnior
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