terça-feira, 17 de maio de 2022

“AI, AQUELA LINDA, LONGA MELODIA IMENSA”…

                                                                    


‘Fechou-se uma Biblioteca’…

‘As Árvores Morrem de Pé’….

Mesmo morto, aqui está um Monumento Vivo…

Estas e outras bandeiras poderia hastear no mausoléu do nosso mais prendado herói da resistência vitalícia. Optei, porém, pela mensagem do poeta sadino Sebastião da Gama quando, em hora de romântica inspiração, deixou escrita “Ai, aquela, linda, longa melodia imensa”…

 Porque foi assim que ele nos deixou, aos 110 anos, recordando esse radioso dia em que fui visitá-lo, escutando-lhe a voz roufenha, mas de timbre afinado, puríssimo, naquela canção da juventude:

‘O mar no fundo

Entre as areias

Cantam sereias

À luz do luar…

O mar é lindo

A noite é bela

Descerra a vela

Remai, remai’

 

E lá transpôs os efémeros horizontes que nos comprimem. Içou a vela e ei-lo rompendo o Arco de Triunfo da vida, navegante dos Sete Mares para uma viagem sem termo e sem regresso…

É hoje o Dia de Acção de Graças!

É agora a hora da Marcha Triunfal a que têm jus “os que da lei da morte se vão libertando”!

E curvemo-nos com saudade perante este Milagre da Natureza. Mas também Milagre de Si mesmo, enquanto artífice colaborativo do seu corpo. Ai, o  Corpo – piano, violino, instrumento, ferramenta da Alma! É no Corpo vivo que se manifesta a vivência da Alma! Como ele o fez, façamo-lo nós também!

“Morrer é só deixar de ser visto”…

Esvai-se a luva da mão, mas a essência fica connosco: a melodia, o espírito, o legado incorruptível!

Saiamos deste templo com a força deste vitorioso refrão na boca e no coração: MISSÃO CUMPRIDA… ALLELUIA, ALLELUIA!!!

 

(Excerto do elogio pronunciado nas exéquias do glorioso José Martins Super-Sénior, deste seu homónimo amigo e admirador Júnior, em 16.V.2022, na igreja paroquial do Caniçal).

 

17.Mai.22

Martins Júnior

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