domingo, 25 de setembro de 2022

A BÍBLIA EM CIMA DA MESA DO ORÇAMENTO!

                                                             

     


                   Em cima da mesa do(s) Orçamentos(s) – o orçamento local, regional, nacional, europeu e, mais que tudo, o Orçamento Global! Em cima dos programas dos governos, em cima e bem na frente dos mercados regulados e não regulados, enfim, na letra e no espírito do primeiro e único Testamento outorgado a todo o ser humano que chega a este planeta: “Tomai a Terra, fazei-a frutificar, Crescei e multiplicai-vos”.

         Esta semana começa sob o signo e o mandato do Livro do Génesis, mas sob a cominação enérgica do Profeta Amós:

         Vós que vos sentis seguros na capital do país,

         Que dormis em camas de marfim e vos refastelais em vossos divãs,

         Mas não vos toca nem incomoda a miséria do povo,

Vós que comeis os melhores cordeiros do rebanho

E os mais gordos vitelos do estábulo,

Que cantais ao som do alaúde e inventais instrumentos músicos,

Mas não vos toca nem incomoda a ruína do vosso povo,

Vós que bebeis o bom vinho em grandes taças

E vos perfumais com os mais raros cosméticos,

Mas em nada vos aflige a desgraça do vosso povo.

Então ficai sabendo:

Sereis os primeiros a ser deportados, para lá bem longe do vosso país. E assim desaparecerá do mundo esse bando de gente ociosa, parasita.

Não é nada macia, muito menos pia e ambígua a sentença bíblica, complementada pelo Livro de Lucas, capítulo 16, onde o Mestre põe ao rubro o escândalo do ricaço avarento que dava banquetes todos os dias, mas nem deixava que o pobre Lázaro, jacente às portas do palácio,  aparasse as migalhas desses lautos banquetes. Só os cães vinham lamber-lhe as chagas,

Cuidado com a parábola!... Durante séculos os pregadores oficiais manipularam a mensagem, incutindo nos pobres escravizados a resignação que alcançaria o grande banquete de especiosas iguarias no Além, a quem chamavam docemente o Céu.  Redobrado crime de falsificação, defraudando o original e amortalhando em vida um povo que nascera para ser feliz.

A lição do Mestre é frontal, directa, sem reticências. E tão simples, que até parece demagógica, tal a clareza do ensino. Sublinhei demagógica, um douto qualificativo que ouvi hoje a um celebrante da Eucaristia, via TV, precisamente para definir o pensamento de Jesus de Nazaré face a esta injusta, escandalosa, diabólica assimetria entre uma escassa minoria detentora dos bens de todos e uma esmagada maioria que nem apanha as migalhas da mesa dos latifundiários da riqueza.

Amós profetizou que esse “bando desapareceria do planeta”. Mas Deus não pode fazer o que, pelo profeta, anunciou. Somos nós – outra vez, os genuínos Constituintes – que cumpriremos o vaticínio bíblico, anseio da Divindade Criadora. Os bens sociais de que hoje disfrutamos devemo-los às gerações predecessoras que lutaram, algumas até a custo da própria vida, para que fosse o nosso presente mais risonho que o seu passado. Beijamos-lhes a memória e o legado.

Compete-nos fazer o mesmo para que os vindouros – e eles já aí estão – possam lograr os louros sociais da nossa luta de hoje. Que, ao menos, não nos apedrejem pelos crimes de inércia e cobardia.

“Bem-aventurados, Felizes os que sofrem por amor da Verdade e da Justiça” – proclamou o Nazareno no alto da montanha.

 

25.Set.22

Martins Júnior

   

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