quinta-feira, 15 de setembro de 2022

ENIGMAS D’ “O EVANGELHO SEGUNDO JESUS CRISTO”…

                                                                            


“…Onde quer que estejamos e onde quer que sejamos, não fazemos mais na vida do que procurar um lugar onde iremos ficar para sempre. Nem sempre é assim, cismava José, com uma amargura tão funda…”.

“…Foi ontem, e é o mesmo que dizermos, foi há mil anos, o tempo não é uma corda que se possa medir nó a nó, o tempo é uma superfície oblíqua e ondulante que só a memória é capaz de fazer mover e aproximar…”.

“…Desde a aurora do mundo sempre os incêndios atraíram os homens, há mesmo quem diga que se trata de uma espécie de chamamento interior, inconsciente, uma reminiscência do fogo original…” .

“…Há momentos em que a dor é mais forte que o temor da morte…”.

“…Pode bem pouco afinal, a mão de Deus, se não chega para interpor-se entre o cutelo e o sentenciador… Todo o acto humano, por mais insignificante que seja, interfere com a vontade Deus…”.

“…As ilusões de óptica, sem as quais não há prodígios nem milagres, não são uma descoberta  do nosso tempo, basta ver…”.

“…Não gostaria de me ver na pele de um deus que ao mesmo tempo guia a mão do punhal assassino e oferece a garganta que vai ser cortada…”.

“…Não faltará já por aí quem esteja protestando que semelhantes miudezas  exegéticas em nada contribuem  para a inteligência de uma história afinal arquiconhecida, mas ao narrador deste evangelho não parece que seja a mesma coisa, tanto no que toca ao passado como no que ao futuro há-de tocar…”.

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         Caso muito sério este do percurso de José Saramago na floresta imensa da  misteriosa e nunca assaz contada vida do Nazareno! Vale a pena tentar descobri-la e decifrá-la, pela mão do Autor, tal como Dante Alighieri, pela mão de Virgílio na “Divina Comédia”.

“O Espírito sopra onde quer”!  (Jo,3,8).

        

15.Set.22

Martins Júnior

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