“…Onde quer que estejamos e onde quer
que sejamos, não fazemos mais na vida do que procurar um lugar onde iremos
ficar para sempre. Nem sempre é assim, cismava José, com uma amargura tão funda…”.
“…Foi ontem, e é o mesmo que dizermos, foi
há mil anos, o tempo não é uma corda que se possa medir nó a nó, o tempo é uma superfície
oblíqua e ondulante que só a memória é capaz de fazer mover e aproximar…”.
“…Desde a aurora do mundo sempre os incêndios
atraíram os homens, há mesmo quem diga que se trata de uma espécie de
chamamento interior, inconsciente, uma reminiscência do fogo original…” .
“…Há momentos em que a dor é mais forte
que o temor da morte…”.
“…Pode bem pouco afinal, a mão de Deus,
se não chega para interpor-se entre o cutelo e o sentenciador… Todo o acto
humano, por mais insignificante que seja, interfere com a vontade Deus…”.
“…As ilusões de óptica, sem as quais
não há prodígios nem milagres, não são uma descoberta do nosso tempo, basta ver…”.
“…Não gostaria de me ver na pele de um
deus que ao mesmo tempo guia a mão do punhal assassino e oferece a garganta que
vai ser cortada…”.
“…Não faltará já por aí quem esteja
protestando que semelhantes miudezas exegéticas
em nada contribuem para a inteligência
de uma história afinal arquiconhecida, mas ao narrador deste evangelho não
parece que seja a mesma coisa, tanto no que toca ao passado como no que ao
futuro há-de tocar…”.
---------------------------------------------------
Caso muito sério este do percurso de
José Saramago na floresta imensa da
misteriosa e nunca assaz contada vida do Nazareno! Vale a pena tentar
descobri-la e decifrá-la, pela mão do Autor, tal como Dante Alighieri, pela mão
de Virgílio na “Divina Comédia”.
“O Espírito sopra onde quer”! (Jo,3,8).
15.Set.22
Martins Júnior
Sem comentários:
Enviar um comentário