sábado, 17 de setembro de 2022

O EVANGELHO, SEGUNDO MAMMONA

                                                                         


    Estão na moda, de  há uns tempos a esta parte, as diversas versões dos Evangelhos, Segundo este, Segundo aquele, Segundo mais um outro estranho evangelista, quanto mais desconhecido mais apetecido. É assim uma espécie de reaparição dos Evangelhos Apócrifos que nasceram na mesma época dos Quatro Autênticos.

         Vou acrescentar mais água à sopa – logo vereis porquê – e já lá vão de bandeja mais cinco ou seis exemplares saídos do prelo:

         Evangelho, Segundo o BCE.

         Evangelho, Segundo Os OLIGARCAS.

         Evangelho, Segundo o PANAMÁ.

         Evangelho, Segundo o OPUS DEI.

         Evangelho, Segundo a COSA NOSTRA.

         Evangelho, Segundo o BANCO VATICANO.

E tudo somado,

O Evangelho, Segundo o DEUS MAMMONA.

 

Todas estas “Boas-Novas” têm os seus santuários, os seus ícones intocáveis, os seus missionários, uns fixos, outros itinerantes, têm os seus arsenais, as suas abluções em lavatórios super-higienizados. E o mais comovente, têm todo o mundo a seus pés. Com tanta subtileza, engenho e arte, que se misturam em farto conúbio de alianças tais que não se sabe quando acaba o culto ao Deus Santo e começa o altar do deus Mammona.

São os próprios ‘crentes’ acocorados diante do “Bezerro de Ouro” do Monte Sinai que o confessam e proclamam: “O DEUS DO MUNDO É O DINHEIRO” !!!...

E eis que do fundo de um túnel sem começo surge uma figura esquálida - meio herói, meio fantasma – e faz estalar as paredes concêntricas onde caminha, ribombando até às extremidades: “NÃO PODEIS SERVIR A DEUS E AO DINHEIRO”.

Ele vem hoje e amanhã. Muitos de nós escutá-lo-emos, em Lucas,  16,1-13.

 Jesus de Nazaré, olha o mundo à tua volta. Assim era, antes de cá chegares. Assim é, depois de cá estares.

Não terá razão o poeta quando escreveu:

‘De que te serviu, ó Cristo, regares com o teu sangue as urzes do Calvário?’.

Dizem que o Natal vem a caminho. É lícito perguntar:

“Qual Natal?... O Teu – ou o Natal do Deus Mammona?!”.

 

19.Set.22

Martins Júnior

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