É
tão breve quanto emotivo, irreprimível, o apelo que hoje sai de dentro do meu
peito: Liguem a RTP e puxem para trás a entrevista de ontem à noite – NA PRIMEIRA PESSOA – em que o
entrevistado é, nem mais nem menos, o decano, em Portugal, do pensamento
holístico humano-quase divino: BENTO
DOMINGUES !
Com acertada razão definiu-o a
jornalista ao classificá-lo como “Um Homem de Fronteira dentro da Igreja
Católica”.
E mais que um vigilante atento a todos
os movimentos de translação do planeta em mudança, o que deveras impressiona e
sacode o espectador é o espírito novo num corpo octogenário, transparente no
olhar límpido e no embargo da voz transformada em trombeta de arcanjo
madrugador sobre as cordilheiras sombrias da noite.
Já
o conhecíamos nós que o acompanhamos, domingo a domingo, nas páginas do jornal “Público”.
Mas redescobri-lo assim, ao vivo, ficamos com a sensação de que é aos oitenta e
oito anos que o sol nasce. Vem-nos à memória o texto de Paulo de Tarso aos
Coríntios: “Se aquilo que é visível aos nossos olhos se vai arruinando, o que o
há em nós de mais íntimo vai-se renovando de dia para dia”.
Sem
coarctar a natural apetência de
surpreender-se alguém com o visionamento do programa, apenas porei na mesa
breves ‘aperitivos’ preliminares, tais
como:
A Teologia para mim
consiste em desfazer equívocos.
A grande tentação é
pensarmos que temos a Verdade.
Não posso admitir uma
espiritualidade de olhos fechados.
Pecar é estragar a vida
dos outros.
O Evangelho deve
fermentar a cultura contemporânea.
É preciso uma revolução,
insurreição pacífica, sobre a Economia.
O maior dom do Homem é a
Liberdade.
Não admito que, pela
religião, se assuste ninguém.
A minha religião é a da
alegria.
Jesus foi o Primeiro
Feminista no mundo.
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Fico-me
por aqui, na convicção de que abri a portagem para a grande auto-estrada do
pensamento global de Bento Domingues. Vale a pena ouvi-lo e segui-lo. A sua
lucidez e a sua coerência de acção são os luminosos semáforos para a grande via
verde do pensamento livre e construtivo. Tudo isto e muito mais já tivemos a
dita e o tesouro de lhe escutarmos, presencialmente, no Funchal, em Machico e na
Ribeira Seca.
Por
isso, daqui reitero a enorme gratidão de todos nós transmitida via telefónica, esta
tarde, ficando-me a transfiguração anímica do seu todo, em que a fragilidade da
voz fez emergir a frescura sadia do seu pensamento.
27.Set.22
Martins Júnior
Que bálsamo! Que humildade intelectual manifestam estes homens " espírito novo num corpo octogenário"!
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