De
guerras ia hoje manchar esta folha imaculada, pois é delas que se nutrem os
oleodutos da informação global, desde a bilionária à proletária.
Sucintamente, vou abrir duas frentes,
não na Europa, mas na Eurásia, ambas iguais, vizinhas de ao pé-da-porta, as
duas guerras, mas distantes só no tempo
que as separa – precisamente 451 anos.
É hoje em tempo oportuno que junto aqui
– em 7 de Outubro – a ‘gloriosa’ batalha naval de Lepanto entre João de Áustria, líder do
exército cristão, sob o nome de Liga
Sancta, e Ali Paxá, comandante das
forças otomanas, sediadas na Turquia.
Luta encarniçada, missão quase impossível. Mas João saíu-se vitorioso.
Justificação
generalizada do sucesso, a partir do Vaticano: o Rosário de Nossa Senhora
disseminado por toda a Europa e rezada em cada casa, palácio ducal, villa de campo ou humilde casebre. Daí,
a proclamação, pelo Papa Pio V, do Dia 7 de Outubro entronizado às alturas com
dedicação exclusiva a Nossa Senhora do Rosário, por antonomásia Nossa Senhor
das Vitórias. Este é o seu Dia, embora na Madeira seja transferido para o
primeiro Domingo do mesmo mês.
A
mediação ‘divina’ – o elo secular que une 1571 a 2022!
Em
2022, também em 7 de Outubro, uma mãe deitou ao mundo um bebé louro que hoje faz 70 anos… (De Judas Iscariotes disse
Jesus: Mais te valia nunca teres nascido).
Não se sabe que terá dito o Nazareno acerca de Vladimir Putin.
Mas
sabe-se que fez o seu soi-disant representante
e procurador em toda a Ásia Ortodoxa, o Patriarca Kirilos. Felicitou-o pelo
aniversário, agradeceu o ter sido nomeado, pelo próprio Putin, Patriarca Máximo.
E mais: deitou a bênção aos obuses e aos carros de combate. Achou pouco. Diante
do exército em parada, ergueu a voz mais alto que a coroa mitral que trazia na
cabeça. E disse: Vós que estais alistados
para a guerra contra a Ucrânia, eu vos garanto também uma indulgência plenária:
Os vossos pecados ficam todos perdoados.
Mas
era preciso mais. A voz trémula, mas imparável, enrijeceu-se e falou: “Se algum de vós morrer em combate, eu vos
juro em nome de Jesus: Tendes o Céu garantido.
Sublinho
e reitero: a mediação ‘divina’ ao serviço das fanáticas e tresloucadas ambições
dos homens. De todos os tempos e lugares. Também nas nossas guerras coloniais!
O que os separa, apenas nomes e décadas, séculos, milénios.
Não
comento. Proponho reflexão. E perdoe-me a doce Mãe de Jesus o meu arrepio de
pegar num rosário de granadas…
07.Out.22
Martins Júnior
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