sexta-feira, 7 de outubro de 2022

ROSÁRIO DE GRANADAS E MORTOS DE CÉU SEGURO…

                                                                           


De guerras ia hoje manchar esta folha imaculada, pois é delas que se nutrem os oleodutos da informação global, desde a bilionária à proletária.

         Sucintamente, vou abrir duas frentes, não na Europa, mas na Eurásia, ambas iguais, vizinhas de ao pé-da-porta, as duas guerras,  mas distantes só no tempo que as separa – precisamente 451 anos.

         É hoje em tempo oportuno que junto aqui – em 7 de Outubro – a ‘gloriosa’ batalha naval  de Lepanto entre João de Áustria, líder do exército cristão, sob o nome de Liga Sancta,  e Ali Paxá, comandante das forças otomanas, sediadas  na Turquia. Luta encarniçada, missão quase impossível. Mas João saíu-se vitorioso.

Justificação generalizada do sucesso, a partir do Vaticano: o Rosário de Nossa Senhora disseminado por toda a Europa e rezada em cada casa, palácio ducal, villa de campo ou humilde casebre. Daí, a proclamação, pelo Papa Pio V, do Dia 7 de Outubro entronizado às alturas com dedicação exclusiva a Nossa Senhora do Rosário, por antonomásia Nossa Senhor das Vitórias. Este é o seu Dia, embora na Madeira seja transferido para o primeiro Domingo do mesmo mês.

A mediação ‘divina’ – o elo secular que une 1571 a 2022!

Em 2022, também em 7 de Outubro, uma mãe deitou ao mundo um bebé louro  que hoje faz 70 anos… (De Judas Iscariotes disse Jesus: Mais te valia nunca teres nascido). Não se sabe que terá dito o Nazareno acerca de Vladimir Putin.

Mas sabe-se que fez o seu soi-disant representante e procurador em toda a Ásia Ortodoxa, o Patriarca Kirilos. Felicitou-o pelo aniversário, agradeceu o ter sido nomeado, pelo próprio Putin, Patriarca Máximo. E mais: deitou a bênção aos obuses e aos carros de combate. Achou pouco. Diante do exército em parada, ergueu a voz mais alto que a coroa mitral que trazia na cabeça. E disse: Vós que estais alistados para a guerra contra a Ucrânia, eu vos garanto também uma indulgência plenária: Os vossos pecados ficam todos perdoados.

Mas era preciso mais. A voz trémula, mas imparável, enrijeceu-se e falou: “Se algum de vós morrer em combate, eu vos juro em nome de Jesus: Tendes o Céu garantido.

Sublinho e reitero: a mediação ‘divina’ ao serviço das fanáticas e tresloucadas ambições dos homens. De todos os tempos e lugares. Também nas nossas guerras coloniais! O que os separa, apenas nomes e décadas, séculos, milénios.

Não comento. Proponho reflexão. E perdoe-me a doce Mãe de Jesus o meu arrepio de pegar num rosário de granadas…

 

07.Out.22

Martins Júnior

 

 

 

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