Deixo
para o ‘Ímpar’ seguinte as sábias pistas do LIVRO deste fim-de-semana. Hoje dou
lugar, aliás, procuro o mitológico lugar da Arte dos Deuses – a Música.
Dia
Mundial da Música! Se de outras sonantes efemérides pré-datadas se diz que elas
não pertencem a um só dia mas são de todos os dias que o sol deita ao mundo,
então que se há-de dizer do Primeiro de Outubro – Dia internacional da
Música?... Ele povoa todos os dias do Calendário, todas as horas do ritmo da
Vida.
Não
será exagero constatar que hoje o planeta Terra configura-se literalmente com o
monumental anfiteatro, de reprodutivas linhas circulares, desenhadas pelo Supremo
Arquitecto, onde todos os sons se cruzam e todos os corações se abraçam. Muito
embora nos media seja dada audiência
prioritária aos fabulosos concertos orquestrais enclausurados em auditórios,
palácios, templos e solares de élite, o Espírito de Orfeu sobrevoa os mares,
continentes, aldeias longínquas, desde o mais intimista serão nos terreiros do
povo até alcançar as verdes encostas voltadas para o firmamento azul. E ali
fica embalada – a Divina Arte - num
enorme berço feito dos dedos sonoros de crianças e jovens. Sem eles e elas, sem
o aconchego de gente anónima habitada pela ruralidade genuína – “doce como os
bosques e pura como as donzelas” – sem o miradouro do alto, o Dia da Música
nunca teria o seu Dia Mundial.
O
universo de todos os sons e as partituras de todas as emoções ali estavam hoje
no Miradouro da Portela, em Machico, ladeado pelas araucárias altaneiras e
debruçado sobre os amplos vales e médios-vales do Porto da Crua, o mar ao fundo
e a majestosa rainha vulcânica com toda a justeza entronizada em Penha d’Águia.
Juntaram-se
no miradouro transformado em palco os cordofones madeirenses do Grupo “A Caçoar”
da Ribeira de Machico e a Tuna de Câmara de Machico, vinda do Centro
Cívico-Cultural e Social da Ribeira Seca. Digamos que as duas Ribeiras
desaguaram em delta no Miradouro do Alto
da Portela.
Quem
ali esteve – eram jovens, adultos e idosos – formando o mais belo anfiteatro de
emoções partilhadas, sim, quem ali esteve não só ouviu Música. Direi que viu a Música, a Mágica Arte dos Deuses,
passeando-se num outro paraíso terreal, como é todo o cenário da Portela e
Santo da Serra. E, como cereja em cima do bolo, a dedicatória do evento àquela
estância da vida, cujos protagonistas são os Idosos. Eles que hoje precisamente
também festejam o seu Dia.
Um
bem-haja ao Município de Machico que em boa hora desdobrou a sua programação cultural
com estes saraus localizados – “Música nos Miradouros” – extensivos às cinco
freguesias do concelho.
01.Out.22
Martins Júnior
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