Sem
dúvida - a enorme, excepcional viagem de circumnavegação e tão desproporcional
se tivermos em linha de comparação o mínimo espaço aquático em que todos navegámos
no seio da nossa mãe! Por isso, a invocação da Senhora do Parto despertou a
alma madeirense para as mais delicadas e extravagantes tradições, aliadas ao
sopro mágico da noite abrindo a porta à madrugada.
Passo ao lado dessa onda de diversões e
superstições. Apenas recolho o convite do grande percurso intra-uterino que
durante nove dias ininterruptos homenageamos nas Missas do Parto para, todos os
anos, partir para outras grandes viagens extra-uterinas, descobertas planetárias,
por vezes à volta do meu quarto.
Tomando sempre como farol de referência
o nascimento de Jesus Infante, desenhámos uma rota definida – como de resto
fazemos todos os anos, na Ribeira Seca – ao encontro de quem nos responda à
seguinte coordenada terrestre, universal: “Como viveram os madeirenses,
particularmente os ribeira-sequenses, os seus Natais de seiscentos anos, suas
afinidades, suas contradições, coflitualidades sócio-económicas, suas glórias e
frustrações, suas ambições?”.
Eis as prendas (aceitáveis ou não,
conforme o olhar do destinatário) que porei sem guardanapo nesta mesa virtual
de cada dia.
17.Dez.22
Martins Júnior
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