Para
encurtar os ‘golpes de mão’ e resumir as
nep’s dos manuais militares da guerrilha urbana, o melhor é mataforizar,
a gosto e a contragosto dos estrategas de poltrona – talvez a mais eufemística
e divertida tática de evitar mortos e feridos.
Peguem
nos soldadinhos de chumbo, nos artilheiros ardilosos, nos oficiais de turno até
chegar aos marechais duplicados, cada qual, no seu pino de ouro e coloquem-nos
todos na velha figueira de figos pecos, no galinheiro de poleiros suspensos ou,
se quiserem, no circo zoológico das ambições dos filhos d’Eva.
Começa
a briga na ponta adelgaçada da figueira onde Judas se arvorou, passa aos canelos
intermédios em nódulos mais salientes, que se escapam às varas mais robustas disfarçadas
de partidos. E todos roem, guincham, balançam, mas a figueira não cai, porque
todos bebem do leite que dela sai. Até que chega à dupla reticular que sustenta
a árvore. As raízes do fundo vão deitar a figueira ao chão…
Na
capoeira urbana, são os pintos pintados, logo acima os frangos francos, as
poedeiras e as dos ovos gorados, as goelas cacarejeiras, bicarada em bicarada,
mas lá se aguentam com os milhos e milhões que o zé-povo, indignado mas
forçado, lhes metendo no papo. Até que chega aos donos da gaiola: o de crista
arrebitada e pifo automático não descansa sem depenar o rival mesclado a preto
e branco que, à milésima picada, segura a pata no arame farpado e atira-lhe numa
faísca de galo ferido: “Nem mais uma, basta!”.
No
circo zoológico, a batracomiomaquia põe os sapos num coaxar imparável dos poços, saltam para a roda dos transeuntes,
ensarilham-se depois com os répteis oportunistas, contam com a benevolência dos
dentes afiados dos uivantes mais ruidosos e lá vão brigando e rindo, sem
amotinar os espectadores já habituados ao circo ambulante.
O
duelo agudiza-se quando chega ao reino do leão e ao sub-reino do leopardo. O
espectáculo já não diverte. Incomoda. Enjoa. Revolta. Sobretudo quando a raiz
maior decide fazer da figueira um baloiço descolorido nas mãos de uma criança… Quando o galo-mór
garganteia todas as manhãs que vai depenar o seu arqui-rival… Quando o leão
apregoa em cada esquina que está pronto (e com que avidez) a dissolver em águas
de bacalhau o pelo sedoso do leopardo insubmisso.
No
anfiteatro global de tantas guerras, guerrinhas e guerrilhas, ficamos sujeitos
à Última Grande Guerra neste país. E há quem não contenha a curiosidade
derradeira: Quem é que que dissolve o dissolutor?!
03.Mai.23
Martins
Júnior
Sem comentários:
Enviar um comentário