Não
se apagaram ainda as 583 velas do aniversariante concelho, herdeiro da
Capitania de Tristão Vaz Teixeira porque, à semelhança de todos os
aniversários, Dia de Anos são todos os dias e todas as horas, pois se a cada instante se morre, também a cada
instante se renasce.
Fiel
aos ideais de Abril, foi Machico que em todo o arquipélago melhor concretizou os
três “D” da Revolução dos Cravos: Descolonizar, Democratizar, Desenvolver.
Quanto aos dois primeiros, nem é preciso orquestrar demonstrações espúrias,
elas estão impressas no âmago destas gentes e no ar que aqui se respira.
Machico deixou de ser uma colonia do partido único da Ilha, arregimentado na
Quinta Vigia. E quando tal aconteceu, escancararam-se as goelas do poderoso
adamastor de pés de barro e bradaram aos ventos e aos mares: “Para Machico nem
um tostão”!
A
partir dessa hora, Machico democratizou-se, vencendo não só a ditadura do ‘Estado
Novo’, mas sobretudo a sua cria predilecta, a auto-cognominada ‘Madeira Nova’.
E ao longo de quase meio século de vivência cívica tem dado a prova
irrefragável de uma sociedade moderna onde vigoram as linhas mestras da
alternância democrática. Aqui, impera no eleitorado a frontalidade de opções
políticas, a plena liberdade de escolha,
sem recorrer a motejos, definições ou baldões depreciativos, quer aos vencidos
quer aos vencedores. Vale a pena trazer à colação aquele olhar enviesado e aquela
língua de galdéria duplicada de certo esquadrão “Wagner” que quando ganhava não
se cansava de proclamar que Machico era um “povo inteligente” e quando perdia,
Machico era “um país do terceiro mundo”. Felizmente, os machiquenses nunca se
intimidaram com ameaças verbalizadas nem com ameaças armadilhadas. O caminho é
para a frente, sabendo a grei e repetindo garbosamente o seu GPS, inscrito na
sua génese: Sejam muitos os que ladram, o que importa é que a caravana avança.
É
deveras reconfortante ver um povo festejar o dia 8 de Maio de 1440 – a Primeira
Capitania da Madeira doada pelo Infante D. Henrique a Tristão Vaz Teixeira –
sob o signo e a bandeira da futura Revolução dos Cravos, protótipo de todas as
reconquistas da Democracia e da Soberania Popular.
Falta
ainda (estarão a questionar-me) falta o terceiro “D” – o Desenvolvimento, o
cavalo quixotesco da batalha dos opositores e o seu confuso arpão de ataque a
Machico. Pela amplitude e profundidade do tema, dedicarei o conteúdo do próximo
blog. Até lá, prezados companheiros de jornada!
11.Mai.23
Martins
Júnior
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