quinta-feira, 11 de maio de 2023

OS TRÊS ”D” PARA OS 583 ANOS DO CONCELHO DE MACHICO

                                                                                


Não se apagaram ainda as 583 velas do aniversariante concelho, herdeiro da Capitania de Tristão Vaz Teixeira porque, à semelhança de todos os aniversários, Dia de Anos são todos os dias e todas as horas, pois se  a cada instante se morre, também a cada instante se renasce.

          Fiel aos ideais de Abril, foi Machico que em todo o arquipélago melhor concretizou os três “D” da Revolução dos Cravos: Descolonizar, Democratizar, Desenvolver. Quanto aos dois primeiros, nem é preciso orquestrar demonstrações espúrias, elas estão impressas no âmago destas gentes e no ar que aqui se respira. Machico deixou de ser uma colonia do partido único da Ilha, arregimentado na Quinta Vigia. E quando tal aconteceu, escancararam-se as goelas do poderoso adamastor de pés de barro e bradaram aos ventos e aos mares: “Para Machico nem um tostão”!

A partir dessa hora, Machico democratizou-se, vencendo não só a ditadura do ‘Estado Novo’, mas sobretudo a sua cria predilecta, a auto-cognominada ‘Madeira Nova’. E ao longo de quase meio século de vivência cívica tem dado a prova irrefragável de uma sociedade moderna onde vigoram as linhas mestras da alternância democrática. Aqui, impera no eleitorado a frontalidade de opções políticas, a plena  liberdade de escolha, sem recorrer a motejos, definições ou baldões depreciativos, quer aos vencidos quer aos vencedores. Vale a pena trazer à colação aquele olhar enviesado e aquela língua de galdéria duplicada de certo esquadrão “Wagner” que quando ganhava não se cansava de proclamar que Machico era um “povo inteligente” e quando perdia, Machico era “um país do terceiro mundo”. Felizmente, os machiquenses nunca se intimidaram com ameaças verbalizadas nem com ameaças armadilhadas. O caminho é para a frente, sabendo a grei e repetindo garbosamente o seu GPS, inscrito na sua génese: Sejam muitos os que ladram, o que importa é que a caravana  avança.

É deveras reconfortante ver um povo festejar o dia 8 de Maio de 1440 – a Primeira Capitania da Madeira doada pelo Infante D. Henrique a Tristão Vaz Teixeira – sob o signo e a bandeira da futura Revolução dos Cravos, protótipo de todas as reconquistas da Democracia e da Soberania Popular.

Falta ainda (estarão a questionar-me) falta o terceiro “D” – o Desenvolvimento, o cavalo quixotesco da batalha dos opositores e o seu confuso arpão de ataque a Machico. Pela amplitude e profundidade do tema, dedicarei o conteúdo do próximo blog. Até lá, prezados companheiros de jornada!

 

11.Mai.23

Martins Júnior

 

Sem comentários:

Enviar um comentário