Vizinhos,
justapostos, acrescentaria geminados – assim se apresentaram estreitamente
unidos na cronologia e na mensagem os
dois dias maiores, 8 de Maio em Machico 8 e 9 de Maio na Europa. Após a reposição do dia
maior do concelho na data histórica e cientificamente correcta - 8 de Maio de
1440, a outorga da Primeira Capitania da Madeira a Tristão Vaz Teixeira – a partir
daí ficaram as duas efemérides coligadas, indissociáveis uma da outra. Não em volumetria
mas no espírito.
Numa Europa, feita manta de retalhos
ensopada em sangue, sonhou Jean Monnet uma comunidade uníssona na “Alegria” de
Beethoven, mas diversificada nos seus componentes idiossincráticos, cada qual identificado na
sua partitura originária e todas consubstanciadas na mesma sinfonia comunitária.
Aguarela polícroma de todos os cambiantes, do mais ostensivo ao menos lustroso,
mas todos diluídos, irmanados na mesma bandeira, qual mãe desvelada acolhendo
todos os filhos, escutando mágoas, petições, demandas e anseios.
Na sessão solene, ali estava o Estado
Maior da Nação,, o Representante da República; o Poder Legislativo Regional, Presidente
do Parlamento; o Poder Executivo, Secretário Regional da Educação; o Poder Local:
Assembleia Municipal, as Câmaras de Machico, da Madeira e Porto Santo, as
Juntas de Freguesia, os antigos autarcas, deputados nacionais, regionais,
Universidade, Igreja, Escolas, Forças Militares e de Segurança, Funcionários,
jovens, idosos, profissões indiferenciadas, enfim, estava ali uma “Europa” miniatural
em espessura, mas autêntica na sua diversidade, abrangência e objectivos.
Mais
notória foi esta trilogia cívica quando subiram à tribuna os oradores que,
fiéis à matriz sócio-política que representavam, desempenharam-se com realismo,
estratégia
reivindicativa e elegância literária. Tão diferente do ano transacto, em que o
representante do Executivo Regional permitiu-se
encerrar a sessão com remoques
despropositados
à Câmara Municipal, sabendo que o seu presidente não tinha hipótese de contestar.
Prova
inequívoca da democraticidade europeia foi a palavra concedida a todos os líderes
designados pelos grupos políticos com assento no parlamento municipal. Nada
ficou por dizer e tudo foi plena e civicamente interpretado. Os louvores e
distinções atribuídas pelo Município a funcionários, personalidades e
associações espelharam à evidência a amplitude sociológica dos seus titulares,
com predominância na vertente cultural.
A
actuação da tuna infanto-juvenil (Tuna de Câmara de Machico) encerrou, qual
cereja em cima do bolo, uma sessão exemplar, vigília aberta para o Grande “Dia
da Europa”.
De
Machico ontem, 8 de Maio e de Bruxelas hoje, 9 de Maio, apraz-me dizer a
mensagem que via todos os dias nessa linda Vila de Mocuba, Zambézia:
“Aqui,
onde todos os caminhos se cruzam e todos os corações se abraçam”!
09.Mai.23
Martins Júnior
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