Não
é com prazer que perco tempo e gás voltando ao mesmo tema, pelo contrário, é
com desgosto, contragosto e “des-fado” ocupar-me de cenas que mais são de
esquecer que de lembrar. Mas seria uma “enorme perda” para a memória futura
este teatrinho de cordel, espécie de cinema mudo,”não há declarações”, do impagável Charlot e que dá pelo nome de
despedida do rei, mesmo que saia nu.
Depois
do bispo (e com toda a justiça, porque o homem deve tudo à Igreja que o pôs e
impôs no trono) foi a vez do sisudo e “mal amado” Representante da República e,
ainda, do, agora anafado e almofadado, Presidente
da Assembleia Legislativa Regional. Que macieza e que hipocrisia o abraço
derradeiro de dois amantes siameses! Foi este último que, já lá vão alguns
anos, jurara publicamente: “Quando o presidente do governo sair eu também
saio”. Mal se percebe, pois, esta liturgia fúnebre para com alguém que, mais
dia menos dia, também estará na rua ou nas ilhas Seichelles gozando as “justas”
mordomias adquiridas em 37 anos de
fidelíssima companhia. Fidelíssima, ma no
tropo, dado que o ainda ocupante do cadeirão da ALR entrou no Parlamento
pela mão do Partido Socialista, como simples deputado: eram os tempos do PREC e
da Constituição para o socialismo, mas depois,
com a subtileza do réptil, foi-se deixando deslizar para o PSD e ali ficou embalsamado e
perfumado em secretário regional e, mais
tarde, presidente parlamentar. “Viver
não custa, o que custa é saber viver”, já o avisou a filosofia popular.
Sei
lá o que, no recôndito do gabinete, disseram a fome e a vontade de comer. Nem
me interessa. Agora, o que me obriga a consciência cívica e política é uma
saudação ao futuro Presidente da Assembleia Legislativa Regional. E faço-o, em
contra-luz, para que o público, ao
revelar o negativo da fotografia, veja o negrume que durante anos manchou
o assento da primeira jila dos órgãos autonomia insular:
Que
o futuro Presidente da ALR não seja:
1. Uma marionete invertebrada nas mãos
do inquilino da Quinta Vigia.
2.
Um joguete de um qualquer anão,
físico ou mental, mesmo que investido nas funções de líder parlamentar do
partido mais votado.
3.
Um corrupto político, de satisfação
alarve, que se delicia com os dislates dos deputados do seu partido contra as
minorias da Oposição indefesa.
4.
Um cobarde vira-casacas que se faz
forte com os fracos e fraco com os fortes.
5.
Um vilão “rural e autoritário” que
interpreta como fraqueza a educação comportamental de um deputado da Oposição.
6.
Um enfatuado simulacro da autoridade
que precisa de um valente abanão quando um deputado da Oposição o afronta e
responde à-letra com a mesma agressividade da Maioria protegida.
7. Um subserviente acocorado que jura
fidelidade canina aos desmandos da segunda figura da Autonomia.
Finalmente, agora pela positiva, que
seja vertical, justo, imparcial e julgador em caso de prevaricação de qualquer
deputado, quer da Maioria quer da Oposição e faça da Assembleia aquilo que ela
constitucionalmente representa: o Primeiro Órgão do governo próprio da Região
Autónoma da Madeira.
Se me for permitido,
deixo aqui um alvitre ao ora despedinte e futuro ex-ocupante da Quinta: leve
consigo ao beija-mão os seus rapazes, os
antigos e os modernos, a quem sempre tratou por “pequenos”, embora de vez em
quando os alcunhasse de “delfins” para contentá-los e, depois, queimá-los em
lume brando até ao churrasco final. É a vida…
Caros amigos e amigas,
entendamo-nos: o tédio que ressuma deste meu dia ímpar tem o mesmo tamanho que
o imenso desejo de ver, a partir de 29 de Março, uma Autonomia renovada, uma
vitória de Domingo de Palmas e o prenuncio de uma verdadeira Páscoa
sócio-política, económica e cultural para a nossa Região.
13.Mar.2015
Martins Júnior
Sem comentários:
Enviar um comentário