quarta-feira, 3 de junho de 2015

VISITAS DE COSTAS VOLTADAS

 

PPC=AJJ


Será a primeira vez e oxalá fosse a última em que vou abrir  este ferrolho “ímpar” com a chave mais ferrugenta e prosaica que guardei de uma peça de teatro da juventude em que o  protagonista bonacheirão comentava os tiques e os toques cosméticos de certa “dama de pé de cabra” com esta tirada prenhe de corrosiva ironia: “A limpeza em demasia já chega a ser porcaria”-
Falo da gentil visita que o Primeiro-Ministro se dignou fazer ao novo inquilino da Quinta Vigia. Uma gentileza camuflada  que mais cheirava a grosseria. E desprezo pelos madeirenses, O senhor não veio visitar os ilhéus, porque há anos que está no “trono do império” e soube lá sequer se havia gente nesta ilha!... Faz lembrar os três primeiros bispos do Funchal que nunca puseram pés na Madeira. Mas agora veio, porque a amizade epidérmica dos “jotinhas”  é coisa que não se deita a coelho bravo nem à gata borralheira. O velho jotinha PSD/Lisboa veio abraçar o seu contemporâneo  “jotinha  PSD/M”, nados e criados na mesma ninhada. Os madeirenses de gema deviam repudiar esta política suja do “amiguismo” que tem corrompido com uma impunidade descarada a vida deste país. Dava-se mal com AJJ e amuou, bateu com os pés nos terraços de São Bento e disse: ”Não vou lá”. E, como é já seu calejado calão, jurou ás beneditinas paredes: ”Que se lixem…que se lixem os madeirenses”! Mas agora veio. Porque já cá estava o seu parceiro da barra, apertadinho num marialvismo tão sopeiro como o sopeirismo vilão do antigo inquilino. Aliás, o “nosso primeiro” mais não fez que imitar o “outro primeiro” que nunca pôs os pés no Dia do Concelho de Machico enquanto foi presidente o subscritor destas linhas. PPC=AJJ! Quando a política é feita dos humores ou das trombas  dos seus actores, entrou-se no compadrio e na corrupção. Os madeirenses não tiveram culpa das diatribes entre o de lá e o de cá. Ao menos, por isto esta visita torna-se “non grata”, o mesmo que politicamente degradante.
Depois, o senhor vem no fim da linha. É curioso! Nunca a cova esteve tão perto do berço. Por outras palavras, nunca o princípio e o fim estiveram tão próximos.  O que, tudo espremido, resulta que  ele veio em busca dos chouriços perdidos por cá. Anda aí uma agência de aviões low-cost  numa campanha, espécie de  escapadela infantil, estilo peddy-paper urbano, a que deu o nome de “caça ao voo”. Intercalem a consoante “t” entre as duas vogais e logo verão os madeirenses o que veio fazer  o senhor cadente de lá  junto do caloiro governante de cá. É o meu segundo motivo de repúdio.
Finalmente, o homem veio prometer tanto tanto como os “cofres” que lá tem “cheios” do suor, da fome e das lágrimas dos portugueses, as nossas também. Mas quem, com um mínimo de respeitabilidade e memória, dará crédito a quem teve o seu mandato nascido de vísceras falseadas, caluniosas, intragáveis. Alguém já esqueceu, porventura, as auspiciosas promessas feitas há quatro anos na época da caça ao voto? Mas agora as promessas são ainda mais cínicas, maquiavélicas. Tem ele a certeza que será o próprio que as vai cumprir?  Será que  o povo vai cair na mesma esparrela de o eleger? É muito fácil prometer para outro cumprir. O último a sair que apague a luz. Mesmo que os madeirenses fiquem às escuras. Promessas e quimeras  levá-las-ão os ventos de outono.
Por estas e outras evidências, confrange-me ver franjas da nossa terra, amolecidas e babadas, perante uma visita de última hora que, desde há quatro anos e daqui para a frente, outra coisa não é senão o mesmo virar de costas. Mesmo que venha nadar nas tendinhas - laranja do Chão da Lagoa.

3.Jun.2015

Martins Júnior

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