PPC=AJJ
Será
a primeira vez e oxalá fosse a última em que vou abrir este ferrolho “ímpar” com a chave mais ferrugenta
e prosaica que guardei de uma peça de teatro da juventude em que o protagonista bonacheirão comentava os tiques
e os toques cosméticos de certa “dama de pé de cabra” com esta tirada prenhe de
corrosiva ironia: “A limpeza em demasia já chega a ser porcaria”-
Falo
da gentil visita que o Primeiro-Ministro se dignou fazer ao novo inquilino da
Quinta Vigia. Uma gentileza camuflada
que mais cheirava a grosseria. E desprezo pelos madeirenses, O senhor
não veio visitar os ilhéus, porque há anos que está no “trono do império” e
soube lá sequer se havia gente nesta ilha!... Faz lembrar os três primeiros
bispos do Funchal que nunca puseram pés na Madeira. Mas agora veio, porque a
amizade epidérmica dos “jotinhas” é
coisa que não se deita a coelho bravo nem à gata borralheira. O velho jotinha
PSD/Lisboa veio abraçar o seu contemporâneo “jotinha PSD/M”, nados e criados na mesma ninhada. Os
madeirenses de gema deviam repudiar esta política suja do “amiguismo” que tem
corrompido com uma impunidade descarada a vida deste país. Dava-se mal com AJJ
e amuou, bateu com os pés nos terraços de São Bento e disse: ”Não vou lá”. E,
como é já seu calejado calão, jurou ás beneditinas paredes: ”Que se lixem…que
se lixem os madeirenses”! Mas agora veio. Porque já cá estava o seu parceiro da
barra, apertadinho num marialvismo tão sopeiro como o sopeirismo vilão do
antigo inquilino. Aliás, o “nosso primeiro” mais não fez que imitar o “outro
primeiro” que nunca pôs os pés no Dia do Concelho de Machico enquanto foi
presidente o subscritor destas linhas. PPC=AJJ!
Quando a política é feita dos humores ou das trombas dos seus actores, entrou-se no compadrio e na
corrupção. Os madeirenses não tiveram culpa das diatribes entre o de lá e o de
cá. Ao menos, por isto esta visita torna-se “non grata”, o mesmo que
politicamente degradante.
Depois,
o senhor vem no fim da linha. É curioso! Nunca a cova esteve tão perto do
berço. Por outras palavras, nunca o princípio e o fim estiveram tão
próximos. O que, tudo espremido, resulta
que ele veio em busca dos chouriços
perdidos por cá. Anda aí uma agência de aviões low-cost numa campanha,
espécie de escapadela infantil, estilo peddy-paper urbano, a que deu o nome de
“caça ao voo”. Intercalem a consoante “t” entre as duas vogais e logo verão os
madeirenses o que veio fazer o senhor
cadente de lá junto do caloiro
governante de cá. É o meu segundo motivo de repúdio.
Finalmente,
o homem veio prometer tanto tanto como os “cofres” que lá tem “cheios” do suor,
da fome e das lágrimas dos portugueses, as nossas também. Mas quem, com um
mínimo de respeitabilidade e memória, dará crédito a quem teve o seu mandato
nascido de vísceras falseadas, caluniosas, intragáveis. Alguém já esqueceu,
porventura, as auspiciosas promessas feitas há quatro anos na época da caça ao
voto? Mas agora as promessas são ainda mais cínicas, maquiavélicas. Tem ele a
certeza que será o próprio que as vai cumprir? Será que o povo vai cair na mesma esparrela de o eleger?
É muito fácil prometer para outro cumprir. O último a sair que apague a luz.
Mesmo que os madeirenses fiquem às escuras. Promessas e quimeras levá-las-ão os ventos de outono.
Por
estas e outras evidências, confrange-me ver franjas da nossa terra, amolecidas
e babadas, perante uma visita de última hora que, desde há quatro anos e daqui
para a frente, outra coisa não é senão o mesmo virar de costas. Mesmo que venha
nadar nas tendinhas - laranja do Chão da Lagoa.
3.Jun.2015
Martins Júnior
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