De
que havemos conversar neste domingo último de Setembro senão no domingo primeiro
de Outubro. Não tanto pelo circo tumultuante dos artistas na arena política, o
que deve polarizar a nossa atenção é a Magna Assembleia dos Portugueses, a
realizar-se já em 4 de Outubro, Dia D
da libertação de todo um Povo. É o
Parlamento dos parlamentos, no grande triângulo que une o território continental
e as regiões insulares. Para lá entrar é preciso deixar fora todos os medos,
inclusive o pior de todos, como menciono em subtítulo. Digo isto, porque os
caçadores de “bocas” desconexas (leia-se em brasileiro calão, “fofocas”) lembraram-se
de espalhar agora o avejão nocturno a que chamam instabilidade governativa.
Bastou ter ouvido a António Costa definir-se claramente, (embora politicamente
incorrecto, dizem os comentadores de turno) que não aprovaria um orçamento da coligação que
cortasse nas reformas, para logo agitarem o agoiro fatal: o PS,
desestabilizador da governação, provocará novas eleições. E quem é o “arcanjo
exterminador” que traz essa mensagem do além?
Vale
a pena dedicar-lhe um parágrafo.
Não
há cena mais ridícula nesta campanha do que ver Paulo Portas afivelar uma
tenebrosa carranca, desenhar na testa uma pauta de sete linhas e, qual
adamastorzinho do Caldas, vociferar: aí vem a instabilidade governativa, aí vem
o medo, o medo, ai o medo… Mas reparemos quem é ele. O desordeiro-mór, o mais atrevido
conspirador, aquele que, em meio do mandato, afoga o país com o grito “irrevogável”
da demissão, isto é, da queda do governo,
do seu próprio governo! Não fora a intervenção do Padrinho Cavaco Silva que
voltou a colar a pele dos dois irmãos siameses e o governo da coligação teria
caído nessa noite. A troco de quê? De um tacho de lentilhas chamado “vice-primeiro-ministro”.
E não há quem lhe solte na cara uma
bombada de escárnio, uma girândola de gargalhadas, perante um provocador nato,
irrevogável incorrigível, capaz de deitar abaixo a própria casa onde se
refugiou por empréstimo. Não há palavras! Apenas isto: tenho a percepção de
que, se a coligação por má ventura ganhasse as eleições, o mesmo “fura-bardos”
(aqui, o humor ajuda a ler) não deixaria que o mandato chegasse ao fim.
Destrui-la-ia por dentro.
Voltando
ao real quotidiano, isto é, à análise fria de todos os cenários possíveis, é
minha convicção que o elenco governativo que melhor garante a estabilidade é,
inquestionavelmente, o Partido Socialista. Permitam-me justificar. Na incompreensível,
mas hipotética vitória da coligação, o seu programa e orçamento teriam os dias
contados: António Costa votaria contra, já ele o disse corajosamente. A restante
esquerda, CDU/BE/Livre e similares, pelo que se viu no batente da campanha, não teria outro desfecho coerente. Num segundo
cenário, o mais provável e necessário, com o PS no governo, ainda que
minoritário, contaria no seu programa e orçamento com a aprovação ou, no
mínimo, com a abstenção, das citadas forças partidária. Primeiro, por coerência
com um ideário comum no essencial. Depois, por uma questão de decência política,
visto que a experiência do chumbo do PEC4, em 2011, saiu crua e dura ao país, pois foi aí que a
esquerda levou ao colo o PSD/CDS até ao trono do poder que espremeu o Povo
durante quatro longos anos.
Portanto
e não obstante as críticas, tantas vezes infundadas, mas admissíveis numa praxe
eleitoral, por parte de certa esquerda “versus” António Costa, a
estabilidade política de Portugal estará inelutavelmente na vitória do PS. Eis
o meu contributo, susceptível de contradita como qualquer outro, para uma
serena reflexão, a partir deste domingo último de Setembro até ao domingo
primeiro e decisivo de Outubro.
A
terminar, fico a pensar com que estômago voltarão os portugueses a ver o compulsivo “irrevogável” naquela pose de olhos maiores que barriga,
agitando o papão do medo. Para amenizar
o caso, terei de lembrar-me da rã da fábula, adaptada, de La Fontaine,
ameaçando engolir o boi que calmamente pastava à beira do charco.
Mas
o dilema é muito sério. A Magna Assembleia do Povo Portugueses, em 4 de Outubro
de 2015, nunca será presidida pelo medo
de ter medo. Dos fracos e dos indecisos não reza a história! E não esqueçamos o
velho aforismo: A força dos fortes é o medo dos fracos.
27.Set.
Martins Júnior
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