quarta-feira, 9 de setembro de 2015

O IMPOSTOR QUE PEDE ESMOLA E MATA


Não vi o” debate do ano”, por excessiva acumulação de afazeres na preparação da festa da Ribeira Seca, dedicada ao seu Orago, a Senhora do Amparo --- o sobrenome que mais condiz com a Mãe do Cristo.Libertador --- a realizar-se no próximo fim de semana.
Mas não preciso de nenhum travesti com que se  revista o Primeiro Ministro para salivar palavras gastas. Quem  sabe o que bateu e bate sempre nos portugueses, dispensa qualquer debate. Devo dizer que, pessoalmente, sinto um asco intragável pelo requinte viperino de um falsário que maneja o embuste com uma agilidade simiesca, direi mais (e aqui não me engano) finta o irmão, o amigo, o colega, com a mestria do assassino que vai depor uma coroa de flores na tumba da sua vítima.
E é tal a repulsa que não me demoro na tinta e no papel. Não consigo apagar da minha retina aquela resposta pronta, timbrada e virgem, como a dos eunucos da corte, quando na campanha eleitoral de 2011, alguém o questionou sobre se iria cortar nas pensões e aumentar os impostos: “Não, nada disso. Quem lhe disse isso?... foram os socialistas que lhe meteram isso na cabeça. Não senhor, fique descansado”. A peçonha licorosa de uma consciência calçada de pedra-pomes aferiu-se depois pelas medidas tomadas, logo na primeira esquina do pobre transeunte, o Povo português. Tudo ao contrário. E não se diga que foi por causa da troika. Porque com ou sem  troika, era isso que estava na  mente do impostor desde a primeira hora. A prova está no desplante de proclamar, “urbi et orbi” que propositadamente foi além da troika. Destruir o Estado-Nação e o seu constituinte originário, o Povo, eis a cizânia virulenta, desde sempre incrustada  na epiderme seráfica de quem , chegando ao governo, vendeu o corpo produtivo de um Povo e envenenou-lhe o espírito. O instinto genético de passar ao privado o que era de todos acompanha-o até à pedra da morgue, como se tem visto ultimamente. Se  chamar maquiavélico é o mínimo que se lhe pode dizer, pois que foi o autor de “O Príncipe” quem advogou que: o fim justifica os meios.
Mas não vale tudo na vida! Há limites. Menos para as consciências sem consciência, lobos devoradores sob a veste de cordeiros.
E o outro sócio não lhe faz por menos. Acho desprezível, hilariante mesmo, aquele ar herodiano que lhe cresta o nariz adunco, quando pretende relampejar faísca e ribombar trovões de pólvora seca aos jornalistas e interlocutores. O episódio herói cómico do “irrevogável “ diz bem da esperteza  saloia de um e da fraqueza vil do outro. Em nenhum casamento  se viu tão requintada traição. Só para trepar mais um piso.
Não tenho estômago para ouvir gente desse pano cru  que,  parecendo vestir o usuário, despe-o até ao tutano! Aceitem os meus amigos ou  não aceitem,, quero fazer uma declaração de fé, que mais parece uma abjuração fatal.  E é a seguinte: ainda que essa raça mandasse dourar as auto-estradas, ainda que fartasse os famintos à beira da inanição, ainda que oferecesse (digo “oferecesse”, porque lá prometer, promete) o céu e a terra, EU NÃO ACREDITARIA em semelhante espécime. E o que mais me apavora é a memória curta de tanta gente míope que se contenta com um par de botas para abrir, não o  caminho, mas a vereda espedaçada.
Roma, a antiga,  não pagava a traidores. Não sei como, no século XXI, ainda há  quem pague  aos impostores que lhe devoram os dias.
Por isso, sem  seguir o debate de  quem, do alto de São Bento,  bate  e rebate num Povo inseguro,  já o entendo desde 2011. Chega de pantominice!

9,Set,2015

Martins Júnior

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