quarta-feira, 7 de outubro de 2015

TESTAMENTO MATINAL





QUE ME DEIXOU UM AMIGO QUE NÃO MORRE




Se “morrer é deixar de ser visto”  
ficou-me a tua voz
transparente e poderosa
como o teu olhar                                     

Isso me basta
para ver o invisível

Nas sombrias pregas do desgosto
fica-me também  o gosto
de te ter dito face a face
quando ainda eras visto
o que trago aqui escrito

No renovado ecrã
De cada manhã
Vejo sempre a tua voz
Relógio d’água a despertar
Transparente e poderosa
Como o teu olhar

                        À Basília e sua filha
                            Com os cravos vermelhos que ele tanto amou

7.Out.2015
Martins Júnior

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