Quero
começar este dia ímpar com um desejo incontido, “ímpar” também, um misto de
emoção e razão: que eu nunca venha a arrepender-me daquilo que hoje solto do
mais fundo de mim mesmo --- um altissonante Voto de Congratulação, talvez mesmo
uma Ode Triunfal em prosa! Porque bem o
merecem os autores de tamanho feito, criação eloquente da vontade livre e não
de determinismos autoritários, quer do poder quer da ciência.
Fica
bem patente que estou a olhar a cúpula de todo um processo árduo mas glorioso,
cimentado de convergências e renúncias, de juventude e de maturidade. É a luz
ao fundo do túnel. Aconteceu hoje quando António Costa foi chamado a Belém para
trazer a “boa nova” de um governo prestes a nascer.
Mas
não é o novo governo, enquanto tal, que me galvaniza o espírito e me leva a
tecer esta mensagem. Isso seria uma visão tremendamente reducionista daquilo
que se passou. “O que Costa sempre teve foi a ambição de chegar a Primeiro Ministro”
--- repetem, esgotam-se ressabiados os morcegos ( às vezes, vampiros) ávidos de
se perpetuarem nos armazéns ministeriais
do Terreiro do Paço. Porque propositadamente escondem a face brilhante do
acontecimento. E a face brilhante, o mais precioso troféu que ora se levanta a
Portugal e ao mundo é outro: O encontro de vontades rivais de quatro décadas, a
reconciliação de famílias que, sendo irmãs do mesmo berço transformador da
sociedade --- a Esquerda --- andavam
desavindas, perdidas nas
escaramuças autofágicas de pretensa filosofia política, abrindo com isso
as portas aos lobos devoradores para se refastelarem com a carne do rebanho.
Finalmente, fez-se luz, juntaram-se os trilhos, até agora reduzidos a protesto,
e começou-se a construir a grande auto-estrada da Unidade e do genuíno
Interesse Público. Desde há mais de um mês que se recompõe a Aliança
POVO-M.F.E, Movimento das Forças de Esquerda.
Caminho difícil, em que foi preciso partir pedra, pacientemente atirar
para a fogueira velhas juras partidárias
de pendor exclusivista, foi preciso quebrar enferrujados canos de espingarda e
colocar bem alto deles os imarcescíveis cravos de Abril.
É
esta a Ode Triunfal de muitas mãos,
tantas vezes escrita e outras tantas corrigida, rasurada, aperfeiçoada, ampliada,
uma verdadeira epopeia em construção. Não tem particulares direitos de autor:
António Costa, Catarina Martins, Jerónimo de Sousa e Heloísa Apolónia não são
mais que os rostos visíveis dos muitos homens e mulheres que, entre consensos e
dissensos, incógnitas e certezas, entusiasmos e receios, foram capazes de unir
as diferenças multicolores de cada partido no tecido comum de uma só
bandeira, o Povo Português.
Portugal oferece à Europa e ao Mundo --- a
esta Europa dividida e a este Mundo cada vez mais retalhado --- o infalível GPS para alcançar a meta da
felicidade e da paz entre as nações. Esta é também uma, talvez, a melhor
estratégia para vencer o terrorismo, dentro e fora de portas. Unir para ganhar.
Dar as mãos para chegar mais Alto e mais Além.
Quanto
ao ainda periférico inquilino do Restelo --- uma desfigurada múmia que só mexe
para desestabilizar o país --- deixe de preocupar-se com a entrada do novo
governo. Preocupe-se, antes, com a sua desonrosa saída de Belém. Ele há-de passar e o Governo vai ficar!
Viva
a Aliança POVO-M.F.E!
23.Nov.15
Martins Júnior
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