Tinha
eu preparado esta minha saudação ao deputado
Edgar Silva desde o dia em que se apresentou como candidato à Presidência da
República Portuguesa. Na minha saudação, porém, estava implícito um outro
desiderato de maior envolvência nacional. Hoje, sábado, com redobrado
entusiasmo, retomo a iniciativa, pelos motivos que mais abaixo mencionarei.
Num
primeiro olhar, seja-me permitido registar --- lamentavelmente, reconheço --- a
fraca repercussão na comunicação social regional daquilo que deveria ter sido notícia de grande plano: um homem ilhéu, madeirense
de gema, escolhido pelos órgãos da sua
formação partidária para aceder, como candidato, à mais alta magistratura da
nação. Para mim, este acontecimento insere-se na esteira gloriosa e dinâmica de
certos vultos ilhéus na vida política do país, destacando-se, em primeiro
lugar, a personalidade ímpar de Manuel de Arriaga que, embora natural dos Açores,
foi deputado pelo Funchal em 1883, repercutiu o mandato nos alvores da
República, em Abril de 1911 e culminou o
seu estatuto político na primeira eleição democrática pós-1910 como Presidente
Eleito da República Portuguesa em 24 de Agosto de 1911. Outro nome ilustre foi
Manuel Gregório Pestana Júnior, nascido no Porto Santo em 16 de Agosto de 1886,
figura incontornável da luta contra a ditadura, tendo exercido o cargo de ministro
das Finanças em 1924. No mesmo roteiro de políticos madeirenses de relevo
nacional, vejo ainda o general José Vicente de Freitas, natural da Calheta, que
chegou à Presidência do Conselho de Ministros em 1928.
Interpreto,
pois, a candidatura de Edgar Silva nesta linha de afirmação da identidade
insular promotora da unidade nacional. Creio firmemente que a sua escolha não
foi o resultado de exclusão de partes, pelo contrário, constituiu uma prova da
sua resistência a um regime opressor e injusto e, por isso, merece a nossa melhor atenção. Viu-se na sua apresentação
pública um político maduro, interventor (q.b. a um Presidente da República) que agitará, juntamente com outros que se
posicionam no panorama português, uma nova consciência nacional e a necessidade
de um voltar de página neste ambiente de promiscuidade, senão mesmo de
proteccionismo a um executivo que não hesita em sacrificar o seu Povo para
pavonear-se em Bruxelas, à custa do sangue, do suor e até de lágrimas
incontidas dos portugueses.
E
é precisamente nesta direcção essencial que tinha preparado a minha saudação: Que o deputado Edgar Silva utilizasse a sua
magistratura de influência (que já a possui por mérito próprio) junto do seu partido afim de que selasse
inequivocamente o apoio ao acordo de convergência de Esquerda na construção do
novo Portugal que está a nascer. O Povo Português, consubstanciado nos partidos
da oposição, votou absolutamente contra a coligação anterior. E nenhum de nós
pode deixar perder esta oportunidade única, sob pena de traição à soberania
popular. Verdade que já vimos a luz ao fundo do túnel com a manifesta anuência
do BE e do PCP, através dos compromissos publicamente assumidos. Mas é
estruturalmente imperativo que se não deixe nenhuma brecha por onde se queira
introduzir a enguia matreira do
julgamento presidencial para fugir à Constituição no que se refere à indigitação de um outro
Primeiro Ministro. Está chegando a hora de criar a tão almejada hora da
Aliança “Povo-MFE” , isto é, Povo-Movimento das Forças de Esquerda. Ainda que seja preciso baixar as armas do “fogo
amigo”, limar arestas, distribuir faseadamente no tempo ideais e soluções estratégicas
originais. Como já o afirmei, há um bem maior a defender: demonstrar que a
Esquerda sabe unir-se mais que a Direita, quando está em causa o supremo
interesse do Povo Português.
“Les
jeux son faits” ou “os dados estão lançados”, bem poderia dizer Sartre nesta hora de combate
entre mentalidades e metas. Hesitar é
perder.
Se
o candidato Edgar Silva promover dentro das suas fileiras este indestrutível “sentimento
nacional”, então terá construído os degraus de basalto rijo para que suba a
Belém um Timoneiro Ideal que leve a bom porto a “Jangada de Pedra” que é
Portugal.
7.Nov.15
Martins Júnior
Sem comentários:
Enviar um comentário