Três dias inseparáveis
que reúnem a síntese ímpar da vida: 31 de Outubro - 1 de Novembro - 2 de
Novembro. Neles se condensa a viagem do ser humano neste planeta: palmas de
vitória e noites de amargura, gestos heróicos e atrocidades sem nome, génios e
medíocres, são todos companheiros de jornada até ao “campo santo”, o cais da
saudade
Não sei para onde vai a
ria
Se para a foz se para a
fonte
Só sei que hoje é a
travessia
Daquela ponte
Onde me perco e me
encontro
E onde se parte e abraça
O círculo-mistério que
traça
E comprime
O que não tem começo nem
termo
Vem a terra toda comigo
O canto da cotovia
E o agoiro antigo
Das bruxas nocturnas soturnas
Ventres de ouriços abrindo
em castanhas e nozes
Do pão-por-deus das
crianças em festa
E vêm génios farrapos de
vozes
Coladas ao vento que as leva
Sem ter ninguém que as
guarde
Nos degraus da roda
dentada
Há uma tábua que arde
E outra gelada
Estalam foguetes à gargalhada
E gemem os gonzos nos
ossos doridos
Nos dedos partidos
É o mundo todo que roda
Na cósmica ponte
Nova barca de Caronte
Rumando ao cais
De onde ninguém volta
mais.
Ali entrega viajante e
bagagem
Trocam lenços brancos
Adeus adeus boa viagem
Torno já à outra margem
………………………………………………………
Mas um rio
Silencioso corre
Sob o chão frio
Onde se chega e se morre
É o pranto
desta e de outra idade
Que estende o térreo manto
Onde a mão da humanidade
Deixa viver a saudade
31Out.1-2.Nov.15
Martins Júnior
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