Quanto
me consolaria hoje abrir as persianas da vida e deixar entrar o sol aos borbotões
nesta sala oval que é o nosso planeta,
através do SENSO&CONSENSO deste dia ímpar! E acabo de constatar que o 19 de
Junho traz-me, no antes e depois, tudo quanto preciso para cantar o Sol. Antes
- o 18 de Junho - marca um ano da publicação da Magna Carta do Papa Francisco
sobre a questão ambiental, a encíclica Laudato
Si, “Sejas Louvado”, Senhor! Amanhã
- 20 de Junho - chega-nos o solstício do Verão - e faz a entrada triunfal, em toda a sua força e
esplendor.
É
ao primeiro aniversário dessa luz projectada do coração e da mão do Argentino que
vou dedicar o encontro de hoje. Que olhar potente e iluminante o do nosso líder
sócio-religioso! Com a preciosa colaboração dos cientistas, ele desceu ás profundezas dos oceanos,
calcorreou os caminhos sinuosos da terra que habitamos, subiu até às galáxias
do pensamento humano e trouxe-nos o lume dos deuses, a interpretação do
universo, enfim, a chave do futuro – esse futuro que inevitavelmente temos de
passar para as mãos das gerações vindouras.
Remeto
os meus amigos para a leitura desse texto histórico, para o toque a rebate que
ele significa e para as exigências do Homem perante o solo, o subsolo, a
indústria transformadora, a higiene alimentar, o ar que respiramos. À mensagem
de Laudato Si junto os oásis de
frescura que as incontáveis atitudes do Pontífice nos têm aberto e, em consequência,
os vulcões libertadores que as suas palavras têm projectado para expelir as excrescências com
que os humanos inquilinos têm poluído a terra e cerceado vidas. Recorto algumas
das últimas dessas lavas positivamente incendiárias, porque purificadoras,
sobretudo quando Francisco se refere ao estilo parabólico da criação de Adão e
Eva. Na mesma linha estão as declarações sobre esse mito aterrador (que povoou
a nossa infância religiosa e continua a atordoar os espíritos incautos de hoje)
conhecido por fogo eterno do inferno. Que dignidade, que honestidade
intelectual e que coragem, plenamente demonstrativas
de alguém que veio, como Novo Messias, neutralizar o stress endémico que a
Igreja criminosamente injectou nos ossos
e nas consciências dos cristãos.
Tão
cedo, o mundo conhecerá outro igual!
E,
como em tudo, onde há luz também há sombras, dou comigo a bater com a cabeça na
parede a perguntar: Mas, afinal, onde estão os seus seguidores, aqueles que têm
por dever de ofício caminhar nas pegadas do seu “protótipo e líder”?... Onde se
acoitam os mais próximos?... É desolador e revoltante constatar que a grande
maioria das estirpes eclesiásticas anda anestesiada, propositadamente a assobiar
para o lado oposto e até militantemente hostil à campanha heróica deste Papa. O jornal “El Mundo” traz
hoje uma reportagem sobre (cito este, entre muitos) o “atrasadíssimo cardeal de
Valência, Espanha, António Cañizares, a quem chama um ‘Cardeal de Pedra’, tal a hostilidade e a insensibilidade
para os problemas do mundo de hoje”.
Falo
de Cañizares, como poderia falar de outros chamados dignitários eclesiásticos à
nossa porta, desses que o grande teólogo Bernard Haring coerentemente invectivava,
classificando-os de “bispos e padres-polícias, moralistas e moralizantes,
fiscais, curandeiros, os ritualistas, de “observância escrupulosa, até aos
pontos e vírgulas, que causam a morte da alegria”. Mais acutilante foi o Papa Francisco quando
chamou aos cardeais, “os corvos do Vaticano”.
Ao
contemplar esta surda conspiração contra este Homem, único, em vinte e um
séculos da Igreja, retenho as palavras de Gandhi: “Adoro Cristo, mas odeio os
cristãos”. Poderia acrescentar: Curvo-me, “adoro” este Papa, mas detesto
cardeais, bispos e padres que estão a dificultar-lhe e a minar este caminho de luz e libertação que ele traz ao
mundo. Porque continuam a cegar-nos os
olhos, a fomentar a compra de Deus com velas, missas pelas almas do Purgatório,
bentinhos e quejandos, como se a Divindade fosse vendável e estivesse à espera
de execráveis subornos.
Só
os cristãos de base poderão abrir clareiras na escuridão para fazer passar o
Libertador. Como? Intervindo activamente nas suas comunidades e dioceses ou, em contrapartida, deixando desertos os templos, como já está acontecendo. A responsabilidade é nossa!
Entre
a Laudate
Si e o solstício de verão, deixo
esta homenagem e ajudo a passar por aqui, brilhante e criador, o Sol de
Francisco Papa!
19.Jun.16
Martins Júnior
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