Escrevo
debruçado à janela deste domingo, 17, olhando a paisagem de segunda, 18 de
Julho. E ela, a paisagem, é toda branca. E azul e verde marinho. E ametista e
ouro astral. Só “porque um Menino nasceu, foi-nos dado um Príncipe da Paz”, tal
como os profetas messiânicos anunciaram ao povo judeu, desesperadamente
amarrado ao cepo da guerra e mais desesperadamente sedento da verde planície
sem termo.
Não
esqueço as magmas abissais onde me deitaram a dormir, prestes a estourarem os miolos
de todo o universo. Mas hoje tenho saudade – mais que saudade, sinto a orgia incontida – de ver estendido à minha
frente o lençol de água refrescante nestes dias de sufoco. Deixem-me recostar a
cabeça, nem que seja por um dia, na almofada suave e segura a que todos temos
direito.
E
esse dia abre-se hoje diante dos meus olhos. “Porque um Menino nasceu”.
Continuo a citar, sem esforço, sábias inspirações de antigas canções:
“Não sei que nome te hei-de dar”, ó Dia
Singular!…
Quisera
transformar em poema, sem rima nem métrica, tudo quanto me acompanha hoje e
amanhã, como um bordão de Moisés, nesta escalada até alcançar o inalcançável Monte
Sinai, a Promessa de um Mundo Novo. Ficarei embebido em êxtase, contemplando um
manto de negritude que , magicamente, tornou brancos e diáfanos os farrapos de sangue
inocente.
Foi-nos
dado um Menino!
O
Menino chama-se Nelson, nascido em 18 de Julho de 1918. Mandela ou Mandiba deveria
ser hoje e amanhã a abóbada celeste que
nos contém, o chão universal que nos
mantém. O colo saudoso de um coração de
mãe. Ai, as inesgotáveis metáforas que eu desejaria criar! Mas de nenhuma delas
tem necessidade o gigante de coração de criança. Basta-me ficar vigilante e
aberto à eloquência de três citações infinitas:
“”Ninguém nasce odiando
uma pessoa pela cor da pele, ou pela sua origem, ou pela sua religião, Para odiar, as pessoas precisam aprender e se elas
aprendem a odiar, também podem aprender a amar”
…………….
“Devemos promover a
coragem onde há o medo, promover o acordo onde há conflito e inspirar confiança
onde há desespero”.
………….
“Eu sou o capitão das minha
alma”!
Vem,
de novo, Mandela. Entre hoje e amanhã, calem-se as armas. Anulem-se as sanções Abracem-se
as nações.
17.Jul.16
Martins Júnior
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