Onde
acharei um pico alto ou tronco de árvore para fugir destes subterrâneos cavernoso
e ululantes à minha volta? O areal de Nice já é mortalha ensopada em sangue
inocente. E em cada maré desta praia redonda em que se tornou o planeta há sempre um mar
vermelho de dor, um mediterrâneo de medo e desolação.
Para
onde irei?
Pois,
em breves palavras, di-lo-ei sem sombra do vulcão de críticas que possa
suscitar. Vou no encalce do doce cheiro de Mulher, da sua intuição persuasiva,
enfim, como Umberto Eco, – mais que do nome – correrei atrás do “Perfume da Rosa”. Essa nova brisa, suave mas poderosa, já desce das
colinas, entra pelas portas e janelas que habitamos, sobe as escadas da plebe e
alcança o trono real. Como a um talismã inamovível não lhe poderemos fugir.
Preferia
ficar por aqui, numa alegoria deliciante de fim-de-semana. Mas terei de
decifrá-la. Refiro-me a essa onda que envolve o mundo e que reflecte a chegada
da Mulher ao pódio do Poder. Não pela força das “quotas de paridade”, nem pela
simpatia subtil que amolece os homens, mas por mérito próprio. As notícias que
correm mundo informam que mais duas
mulheres estão prestes a juntar-se a essa plêiade feminina que terá a seus pés
os destinos de nações. Falo da britânica Theresa May e da norte-americana Hillary
Clinton, prestes a tomarem o leme desses magnatas da economia, o Reino Unido e
os Estados Unidos da América.
Lembro-me
de alguém, um dia,ter expresso um voto histórico, embora escarnecido
e vilipendiado por certos pigmeus: “Como
eu gostaria de ver o mundo governado por poetas”!... Da mesma forma,
questionaria perante os analistas: Como é que seria o mundo governado por
mulheres?
Queiramos
ou não, é essa a boa-nova que cintila no horizonte. Brevemente, uma importante
soma da humanidade prestar-lhes-á vassalagem, ter-se-á finado a supremacia machista
do Poder.
Mas
a ascensão feminina às mais altas instâncias da governação fica coroada de
êxito com a nomeação de uma Mulher como vice porta-voz do Vaticano. É ela, uma
madrilena, jornalista, Paloma Garcia Ovejero, de 40 anos de idade. Os jornais de todo o mundo têm garbo em
estampar em 1ª página o título :”Uma mulher entre a cúpula do Vaticano”. Se, de um lado, se enaltece a juventude
congénita de um octogenário Papa, releva-se, por outro, a visão aberta de Paloma, em dois registo da
sua primeira entrevista:” Por que razão as principais notícias da Igreja nos
media hão-de ser sempre os seus pecados?... Creio que há que pôr-se um pouco de
rock and rol na comunicação vaticana”.
É
esta a nova aragem que trazem as Mulheres para este fim-de-semana, encharcado
em sangue. Sei que, a par das guerras cruéis que nos sufocam, também fervem as “guerras
de género”, assunto que merece tratamento adequado noutra altura. Mas
deixem-me, por hoje, respirar o “perfume de Rosa” com que a condição feminina
vai inundando o planeta.
Um
mundo governado por mulheres!
Seja
bem-vindo, de braço dado com os homens, e vista de optimismo, sensibilidade e
amor os cemitérios a céu-aberto que o rasto
de outros tem deixado por herança.
15.Jul.16
Martins Júnior
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