segunda-feira, 11 de julho de 2016

POR-TU-GAL, POR-TU-GAL: OS VENCEDORES E OS GANHADORES


Na véspera do grande “derby” europeu, escrevi: “Dos empates às vitórias!”, prenúncio do feito memorável que ontem alvoroçou Portugal e todo o  mundo português, ao mesmo tempo que levantou as estradas e as colinas desta Lisboa capital. O fenómeno colossal, igual talvez só a esplanada de Fátima, merecer-me-ia uma escrita múltipla e mais vasta  que as cores da bandeira nacional.
Hoje, só os tópicos essenciais-
O Primeiro: A história é a versão dos vencedores. Desde os mais remotos tempos, a narrativa das guerras e sucessos é escrita pelos  e  para os que  triunfam. Tivesse o “improvável” Éder falhado o remate e a música em Portugal seria hoje em tom menor. A confirmar esta velha conclusão, leiam-se os jornais estrangeiros e logo ver-se-á que onde não houve vencedores não houve manchetes. Os jornais  alemães, à excepção do Bild, preferem dar em grande plano o triunfo do tenista Andy Murray em Wimbledon. Os ingleses  e reportando-me ao Daily Mail,  comentam: Crying  game for Ronald as injury wrecks his big night. Em Gazeta del Spots, diário italiano da especialidade, mereceu honras de 1º página a foto de CR7 empunhando a taça. E o nosso mais próximo El País vai bordejando assim: Sin Ronaldo, sin el domínio de juego, sin crearr  apenas ocasiones, aun asi Portugal logro ayer un éxito sin precedentes en la prórroga. Os franceses, até agora, não chegaram até nós, nem tiveram braços nem tinta para alcandorar,  o troféu que a si mesmos tinham prometido. A história do Europeu não teve glória nos outros países. Por onde se prova que são os vencedores que fazem a história.
Mas há os vencidos. Se há cenas que emocionam qualquer espectador isento, uma delas é o cenário após o último apito de qualquer competição decisiva. Ninguém, por certo, ficará insensível ao abismo que separa vencedores e vencidos. No mesmo cenário e com os mesmos gestos. Aqueles fazem das lágrimas notas sonoras, brilhantes; estes derramam sal de um “mar morto” a seus pés. Aqueles beijam a relva como quem aperta ao peito a mulher amada; estes comem, mastigam, vomitam o verde acintoso que lhes cavou a sepultura. Do desespero dos vencidos não se ocupa a história. Aqui ressalvo a magnífica atitude dos galeses que receberam em apoteose os jogadores-quase amadores do País de Gales quando, mesmo derrotados, chegaram à sua pátria. Teríamos nós feito o mesmo?  Quero crer que sim.
O misterioso enigma da Unidade! Que estranho gérmen consegue unir, num só feixe, ramos verdes e gravetos velhos, intelectos criadores e espécimens vulgares de Lineu, gente grada da grossa finança e magros esqueletos sem eira nem beira?!... Roleta russa esta para os líderes maiores e menores…  Não será apenas o futebol: na minúscula Madeira não haveria nunca (pelo contrário!) a mesma sensibilidade unitária entre Marítimo e Nacional.. Pior ainda no campeonato nacional entre Benfica’s, Sporting’s ou Porto’s. A evidência está no objectivo, dir-me-ão. E é certo. Mas o mesmo objectivo,, sendo comum, não deixa de ser individualista, diferenciando-se apenas na dimensão dos círculos que gravitam na mesma galáxia.
E os ganhadores? “Nesta altura do campeonato”, há-os directos e indirectos, Além dos artífices - os vencedores e a Federação Portuguesa de Futebol – adiantam-se os poderes oficiais, cultores ou não do desporto-rei. Entram por outra porta, mas lá estão: os políticos credenciados pelo voto e também as fés religiosas, sejam quais forem o seu Deus e a sua religião. Estas últimas suscitam uma análise mais séria e profunda, que não cabe neste lugar, mas que muito me interessaria  investigar. Cuidado não meter a Divindade  nas chuteiras dos goleadores.          Respeitando a crença de cada qual, é meu imperativo de consciência colocar no mesmo altar esta contradição, à espera de resposta: As mesmas razões que levam os portugueses a agradecer a Deus pela vitória, são as mesmas que levariam os franceses a imprecar e repudiar Deus pela derrota. O Deus português será adversário do Deus francês? "Pelo amor de Deus" não O metam  onde  não é chamado! Mais a mais, sabendo das contingências a que está sujeito um desafio de futebol, a começar pelo árbitro…
Vencedor e ganhador é o nome de Portugal. Em qualquer recanto onde viva um português.!  Machico, também,  do alto da varanda do Município e por todo o largo envolvente, festejou patrioticamente o grande feito.
Parabéns também  ao quinteto medalhado do atletismo europeu, recém chegado de Amesterdão 

VIVA PORTUGAL UNITÁRIO !

         11.Jul.16
         Martins Júnior   

    


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