Na
véspera do grande “derby” europeu, escrevi: “Dos empates às vitórias!”,
prenúncio do feito memorável que ontem alvoroçou Portugal e todo o mundo português, ao mesmo tempo que levantou
as estradas e as colinas desta Lisboa capital. O fenómeno colossal, igual
talvez só a esplanada de Fátima, merecer-me-ia uma escrita múltipla e mais
vasta que as cores da bandeira nacional.
Hoje,
só os tópicos essenciais-
O
Primeiro: A história é a versão dos vencedores. Desde os mais remotos tempos, a
narrativa das guerras e sucessos é escrita pelos e para
os que triunfam. Tivesse o “improvável”
Éder falhado o remate e a música em Portugal seria hoje em tom menor. A
confirmar esta velha conclusão, leiam-se os jornais estrangeiros e logo
ver-se-á que onde não houve vencedores não houve manchetes. Os jornais alemães, à excepção do Bild, preferem dar em grande plano o triunfo do tenista Andy Murray
em Wimbledon. Os ingleses e
reportando-me ao Daily Mail, comentam: Crying game for Ronald as injury
wrecks his big night. Em Gazeta del
Spots, diário italiano da especialidade, mereceu honras de 1º página a foto
de CR7 empunhando a taça. E o nosso mais próximo El País vai bordejando assim: Sin
Ronaldo, sin el domínio de juego, sin crearr
apenas ocasiones, aun asi Portugal logro ayer un éxito sin precedentes
en la prórroga. Os franceses, até agora, não chegaram até nós, nem tiveram
braços nem tinta para alcandorar, o
troféu que a si mesmos tinham prometido. A história do Europeu não teve glória
nos outros países. Por onde se prova que são os vencedores que fazem a história.
Mas
há os vencidos. Se há cenas que emocionam qualquer espectador isento, uma delas
é o cenário após o último apito de qualquer competição decisiva. Ninguém, por
certo, ficará insensível ao abismo que separa vencedores e vencidos. No mesmo
cenário e com os mesmos gestos. Aqueles fazem das lágrimas notas sonoras,
brilhantes; estes derramam sal de um “mar morto” a seus pés. Aqueles beijam a
relva como quem aperta ao peito a mulher amada; estes comem, mastigam, vomitam
o verde acintoso que lhes cavou a sepultura. Do desespero dos vencidos não se
ocupa a história. Aqui ressalvo a magnífica atitude dos galeses que receberam
em apoteose os jogadores-quase amadores do País de Gales quando, mesmo
derrotados, chegaram à sua pátria. Teríamos nós feito o mesmo? Quero crer que sim.
O
misterioso enigma da Unidade! Que estranho gérmen consegue unir, num só feixe,
ramos verdes e gravetos velhos, intelectos criadores e espécimens vulgares de
Lineu, gente grada da grossa finança e magros esqueletos sem eira nem
beira?!... Roleta russa esta para os líderes maiores e menores… Não será apenas o futebol: na minúscula
Madeira não haveria nunca (pelo contrário!) a mesma sensibilidade unitária
entre Marítimo e Nacional.. Pior ainda no campeonato nacional entre Benfica’s,
Sporting’s ou Porto’s. A evidência está no objectivo, dir-me-ão. E é certo. Mas
o mesmo objectivo,, sendo comum, não deixa de ser individualista,
diferenciando-se apenas na dimensão dos círculos que gravitam na mesma galáxia.
E
os ganhadores? “Nesta altura do campeonato”, há-os directos e indirectos, Além
dos artífices - os vencedores e a Federação Portuguesa de Futebol – adiantam-se
os poderes oficiais, cultores ou não do desporto-rei. Entram por outra porta,
mas lá estão: os políticos credenciados pelo voto e também as fés religiosas,
sejam quais forem o seu Deus e a sua religião. Estas últimas suscitam uma
análise mais séria e profunda, que não cabe neste lugar, mas que muito me
interessaria investigar. Cuidado não
meter a Divindade nas chuteiras dos
goleadores. Respeitando a crença
de cada qual, é meu imperativo de consciência colocar no mesmo altar esta
contradição, à espera de resposta: As mesmas razões que levam os portugueses a
agradecer a Deus pela vitória, são as mesmas que levariam os franceses a
imprecar e repudiar Deus pela derrota. O Deus português será adversário do Deus
francês? "Pelo amor de Deus" não O metam onde não é chamado! Mais a mais, sabendo das
contingências a que está sujeito um desafio de futebol, a começar pelo árbitro…
Vencedor
e ganhador é o nome de Portugal. Em qualquer recanto onde viva um português.! Machico, também, do alto da varanda do Município e por todo o
largo envolvente, festejou patrioticamente o grande feito.
Parabéns
também ao quinteto medalhado do atletismo
europeu, recém chegado de Amesterdão
VIVA
PORTUGAL UNITÁRIO !
11.Jul.16
Martins
Júnior
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