Da
frescura matinal de ontem passamos hoje
à sua negrejanda negação É a conclusão
lógica dos trilhos percorridos nestas madrugadas de expectativa natalícia, pela
mão do cientista, teólogo místico e
ecologista Teilhard de Chardin. “Toda a espiritualidade tem a sua raiz primeira na Matéria,
no Planeta, na Terra que pisamos”. Acompanha-nos também, ao logo das chamadas
Missas do Parto, Leonardo Boff, o
teólogo defensor da “sua” Amazónia brasileira. E por fim, avoluma-se a
claridade pelo iluminante projector universal do Papa
Francisco quando chama à Terra a nossa “Casa Comum”.
O evento crucial do nascimento dessa Criança, “Cristo
Cósmico”, como lhe chama Chardin, nas campinas de Belém é bem a meta e o
protótipo da dignidade que merece toda a criatura. No pensamento de Leonardo
Boff, “todos os seres da natureza são cidadãos, sujeitos de direitos, de
respeito e veneração… Cuspir no chão é cuspir em cima de si mesmo.” Vem ao
seu encontro o psicanalista G.C. Jung
quando conclui : “Tudo o que me rodeia
faz parte de mim”.
No
tribunal da consciência colectiva da humanidade, são coercivamente
chamados ao banco dos réus, como
arguidos em crime de guerra, todos aqueles que destroem o ambiente, “envenenam o ar que os outros
respiram”, citando George Bernanos. Todos os que matam os pulmões do mundo, o
da Amazónia e as paisagens saudáveis dos nossos campos! Todos os que, abusam do
poder e do dinheiro para assassinar quem recebeu a dádiva da Terra que é de
todos!
Pelos
abomináveis feitos contra a humanidade, é caso para entrarem na lista negra
tantos que conhecemos, entre os quais:
Todos
os Bush’s que invadiram sadicamente o Iraque.
Todos
os Trump’s que atiram às feras indefesos
imigrantes.
Todos
os FMI’s que emprestam para, depois, devorar a vítima.
Todos
os Schaubel’s que, a frio, submetem os pobres ao seu jugo.
Todos
os Daesh’s que fazem de Alá um criminoso sanguinário.
Todos
os Kim Jun-un’s que afogam os manietados do regime.
Todos
os Panamá’s que roubam às claras o seu país e o seu povo.
E
todos aqueles que quem me lê conhece, perto ou longe de si.
Não
merecem nem presépio nem Natal do Cristo Libertador. As autoridades religiosas
deveriam intimar, sem medo de perder sujos privilégios, esses prevaricadores letais do ambiente, dos bens fundamentais do
Ser Humano, da dignidade transcendente das Pessoas. Regressem às origens, a
Santo Ambrósio, bispo de Milão no século IV que, ao tomar conhecimento da
invasão do território pobre de Tessalónica, a mando do Imperador Teodósio,
proibiu o mesmo Imperador de entrar na sua catedral, obrigando-o a fazer
penitência e arrependimento durante um mês inteiro nas montanhas geladas
dos Alpes. Outros tempos em que a Igreja
e os crentes não usavam a hipocrisia como moeda de troca!
Impossível.
Que autoridade moral tem um bispo que, subjugado ao poder político, volta as costas, persegue e mutila os “membros
do Corpo Místico de Cristo”, situados na periferia da cidade onde vivo?... E ainda são capazes, os da mesma igualha episcopal, de pregar na noite de Natal que Jesus-Menino
abriu os braços para abraçar todo o muno... Merecerá entrar no presépio quem chuta
sem remorso para a valeta gente boa,
gente crente?…
Oh,
Ambrósio de, bispo de Milão, vem de novo para denunciar desassombradamente ao mundo os usurpadores do presépio de Belém!
Que arrepiem caminho, que limpem a
atmosfera e restituam aquela dignidade, a que todos os Seres, emanações de Deus, têm direito
por natureza!
Façamos
tudo ao nosso alcance para entrar, por direito e por amor,
no
presépio verdadeiro e saudá-lo na sacrossanta Noite de Natal.
21.Dez.16
Martins Júnior
Sem comentários:
Enviar um comentário