“A minha proposta é esta
Quero que saia em
decreto
Lá nas oitavas da Festa
O tiro será directo
Se alguém disser que não presta
Saia já do meu projecto:
O aeroporto tem fome
Tem fome de outro nome”
A velha Quinta Vigia
Nunca vira coisa assim
Nem uma mosca zumbia
Desde os tempos do Jardim
Qual é o nome e qual seria
Perguntaram ao Delfim
“Que ninguém me estrague o caldo
Há-de chamar-se Ronaldo”
Meias palmas em surdina
Surdiram na sala “oval”
Mas depois em cada esquina
Só se ouvia dizer mal
Dessa ideia peregrina
Do dono do roseiral
E em nova reunião
Começou a confusão
A gargantinha afinada
Dos Assuntos Sociais
Entrou logo de rajada
Contra os sisudos demais
“Eu quero mulher prendada
Nas tarjas inaugurais
“AeroDolor´s é bacana
E até vende mais
banana”
“Bananas ninguém lhas toque
São coisas do meu pelouro
Não percebo esse remoque
Às meninas do meu coro
Se aqui não há rei nem roque
Faço uma entrada de touro”
Falou grosso a envergadura
Do barão da agricultura
Que bota puxa por bota
Provou-o a que calça
Prada
Avançou com toda a tropa
E de longe ferra e brada
Contra o patrão da bolota:
“Já sei que isso não te agrada
Mas vai chamar-se ‘Dolores’
O chão dos aviadores”
Logo acorda da fumaça
O pai da grande mudança:
“Tirei da minha carcaça
Dar o nome da criança
Ronaldinho tem mais
graça
E todo o mundo descansa
Seu nome de pai já tem
E não é filho de mãe”
Toda a gente se calou
Na mesa dos governantes
O craque então viajou
Prá terra dos diamantes
E um Jumbo lá comprou
Dos mais caros faiscantes
Não queria Abdula-Kek
Ver aqui um calhambeque
Mas o caso deu p’rao torto
Ao chegar um funerário:
“Essa ideia é um aborto
Já lhe dou receituário
‘Aeroporto nado-morto’
Mando eu, sou secretário
Não pensem ficar impunes
Ou não me chame mais Nunes”
( Neste momento e
devido à confusão gerada entre os
inquilinos da Quinta, a reunião foi interrompida. O cronista, poeta popular reformado, interrompe aqui o relato, para retomá-lo em próxima reunião).
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29.Dez.16
Martins Júnior
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