Não
seria assim a ementa da nossa ceia sabatina. Mas, “porque hoje é sábado, amanhã
domingo”, vem mesmo a talho de foice esta espécie de reportagem em jeito de rábula
prosaica.
Há
muito tempo andávamos a comentar o delírio diletante do nosso ‘Ilhéu Primeiro’
quando numa noite de nevoeiro proclamou ao reino insular a irrevogável decisão
de paramentar-se de João Baptista para rebaptizar o aeroporto dos madeirenses.
Entre amigos, solidários com o CR7 e não com o ideólogo peregrino, passava de mão em mão um estranho pré-anúncio
difundido pelos altifalantes do aeroporto da Madeira:” Senhoras e Senhores
passageiros, lamentamos informar que hoje o Aeroporto CR7 está fechado, voltem amanhã que
o CR7 está aberto … ou não se prevê quando é que ele abre… Messieurs, dames …
Ladies and gentlemen”…
E
hoje foi o dia. Na minha deslocação ao aeroporto, fiquei estarrecido com o mare-magnum de passageiros que faziam
rebentar pelas costuras a sala de embarque. Consultei os horários dos aviões e
dei-me com uma repetida informação: Cancelado,
Delayed, Desviado, New inform… Saltou-me logo à vista a aludida graçola dos
vários amigos. Se hoje fosse o 29 de Março – a Grande Festa do Maior Feito do
nosso “Primeiro Ilhéu” – os altifalantes morreriam de espasmo e de fadiga:
“Ronaldo–Cancelado 20
vezes… Ronaldo-Atrasado 7 vezes… Ronaldo–Desviado 7 vezes… Ronaldo-Incerto n vezes”
. Ao todo, Falhado o Ronaldo 34 vezes”. E
uma multidão de 5.000 almas de todo o mundo ali ‘ao deus-dará’, umas de corpo estirado no ladrilho,
outras a bater com o nariz nas vidraças e todos irritados por causa do ‘Ronaldo’,
que tinha falhado naquele dia”.
Até os jornais, nacionais e estrangeiros, ficaram empancados, amarrados com cordel cruzado, porque o CR7 continuava fechado. E nem escaparam os 'camaradas da bola' do Paços de Ferreira que foram obrigados a marcar passos no Sá Carneiro das Pedras Rubras porque o CR7 'deu-lhes tampa'. E por cá ficaram os ambiciosos nacionalistas trajados de luto no banco da Choupana. Ai CR7, CR7! Abre-te mais depressa. Ou manda vir o 'mandarim' meter chave à fechadura.
CR7, o Grande Ganhador, o Portador das Bolas de Ouro, o Infalível Marcador, o Herói da estatuária desportiva, o Monumento-Museu da entrada da Cidade --- posto ali ao desbarato no formigueiro de quem chega e de quem sai, ‘Aeroporto CR7 práqui, CR7 práli, Cr7 prácolá’, se ainda está fechado, quando é que fica aberto?!...
CR7, o Grande Ganhador, o Portador das Bolas de Ouro, o Infalível Marcador, o Herói da estatuária desportiva, o Monumento-Museu da entrada da Cidade --- posto ali ao desbarato no formigueiro de quem chega e de quem sai, ‘Aeroporto CR7 práqui, CR7 práli, Cr7 prácolá’, se ainda está fechado, quando é que fica aberto?!...
No regresso a casa, em roda de amigos
de fim-de-dia, por entre as opiniões contrárias ao rebaptismo do aeroporto da
Madeira, sai-se um miúdo adolescente com esta cintilante ressalva, à maneira de
douto advogado de defesa do CR7: “Mas o
Cristiano Ronaldo não tem nenhuma culpa de porem lá o nome dele”. E todos
concordaram com o petiz, que lamentava a inspiração delirante do ‘Nosso Primeiro’.
Que não se estragasse o nome do maior jogador do mundo… que pusessem o seu nome
no Estádio dos Barreiros, por ex., no dia em que vai alinhar no Portugal-Suécia…
que o aeroporto é só um na Madeira e não precisa de trocar de roupa nem de nome…
Se o ‘Primeiro da Ilha’ deixar
arrefecer a cabeça que lhe ditou tão desajeitada originalidade, lembre-se do
dia de hoje em que umas rajadas de 89 Km de ventania foram suficientes para
varrer a sua febril inspiração. E ria-se dela, que nós já nos rimos há muito
tempo.
11.Mar.17
Martins
Júnior
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