Não tem palácio ou tenda
Nem templo ou balcão
Onde se a compre ou se a venda
Dá-se de graça a quem passa
No chão na estrela na praça
Olhos do poema são os teus olhos
E é o teu
O coração de onde todo o poema nasceu
A cor do sol é a cor
Com que o pintas
E não há verde no mundo
Sem que o cries e sintas
Vestir-te por inteiro
Da cabeça aos pés
Nem acharás verso nem rima
Senão escritos em cima
Do livro que tu és
Se as pautas que lês
Só deitam notas sonantes do mercado
Jamais entenderás o canto alado
Que te procura e não vês
Só ao amador
Se lhe descobre a cantiga de amor
Não esperes poesia
Acorda-a dentro de ti
Transporta-a para onde fores
E onde quer que chegares
Ela dirá: Estou aqui
Por isso a levada
Que passa na minha terra lavrada
É mais azul que o Danúbio
E é mais ouro que o Douro
Império de Midas
As tuas mãos doloridas
Tocarão a terra o charco ou o longínquo
mar
E aí estará um poeta a cantar
21.Mar.17
Martins Júnior
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