sábado, 23 de junho de 2018

A DESEJADA IMPLOSÃO DO PRÉDIO!


                                                  

Talvez não valha a pena ler isto que tem sido a náusea das últimas semanas lisboetas, dos últimos meses deste país. Não vale a pena ler, mas vale escrever. Para fixar o clímax de um delírio que tem servido o “almoço-jantar-e-ceia” da mesa dos portugueses. E. ao fixar esse estertor, desejar-lhe a imediata implosão, em nome da saúde mental e cívica do cidadão comum.
Dois ou três parágrafos chegam para abrir a ribalta de um palco onde um teatrinho de marionetes demonstra o antro, a pocilga, o manicómio – tudo a céu aberto – que um tiranete de cordel é capaz de transformar o mundo.
Qualquer observador de rua que passasse,  aí pela hora da digestão do almoço, perguntaria se se tratava de uma “faena” taurina ou de um combate entre duas potências beligerante: alta segurança, armadura policial, uns ostensivamente vestidos, outros oficialmente despidos, separadores em baias, enfim, um aparato de prevenção e quase sufoco. Todo o dia o badalo noticioso não parou de tinir por tudo quanto é canal de ver e ouvir. Podia o Presidente Marcelo cair duas ou três vezes estatelado no chão do Bom-Jesus de Braga, que ninguém dava por ele. Podia até a selecção de Fernando Santos ter perdido com o Irão, que os olhos e as orelhas do mundo português deixavam a Rússia e jogavam-se para o “Altice Arena”.
Mas que “levante” era esse e que medonha guerra irrompia nessa arena?... Não eram continentes em fúria nem monstruosos boxeurs coreanos vs americanos, nem sequer equipas rivais. Era uma assembleia de família, irmãos do mesmo útero, enfim, ombros do mesmo traje às riscas verde-claras. Com polícia na estrada, no terreiro, na grande sala de jantar. À entrada e, na mesma porta, à saída.
Nem me rala saber resultados, o filme-fantasma já dá para ver e concluir. Ao ponto a que isto chegou!!!... Até aonde leva este futebol de corrupção, ditadura, raivas familiares, guerras fratricidas, facas longas na mesma alcova. Se o fora nas arenas políticas e nas lutas sociais… mas dentro do desporto que se quer saudável, optimista, amistoso e libertador?! Incrível, asqueroso. Perante o imprevisível ditadorzinho-tuga, “com mais olhos que barriga”, qualquer Trump ou Kim Jong-un não passam de básicos aprendizes-de-feiticeiro. E o próprio sargento Adolfo dos fornos crematórios daria voltas na tumba com ciúmes do rapaz de topete.
É o que acontece quando Esopo nos conta a história da rã que teimava em inchar até chegar a boi!  Ou quando os chefes  querem  substituir os relvados por assembleias e barras de tribunal.
O mísero espectáculo que nos tem sido apresentado (nenhum dos outros fica longe deste, como demonstra a foto)  fará, de certeza, com que muitos simpatizantes do desporto-rei se afastem dos rectângulos e dos televisores. O melhor que se pode augurar, em terramotos domésticos deste teor, é aguardar a implosão do prédio. O escândalo mal-cheiroso que tresanda e a detestável deseducação que se dá a crianças, jovens e adultos deste país só merecem um voto: que se danem! E em seu lugar desponte e floresça o verdadeiro desporto de raiz, que constrói “alma sã em corpo são”.

23.Jun.18
Martins Júnior    

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