Talvez
não valha a pena ler isto que tem sido a náusea das últimas semanas lisboetas,
dos últimos meses deste país. Não vale a pena ler, mas vale escrever. Para fixar
o clímax de um delírio que tem servido o “almoço-jantar-e-ceia” da mesa dos
portugueses. E. ao fixar esse estertor, desejar-lhe a imediata implosão, em nome
da saúde mental e cívica do cidadão comum.
Dois
ou três parágrafos chegam para abrir a ribalta de um palco onde um teatrinho de
marionetes demonstra o antro, a pocilga, o manicómio – tudo a céu aberto – que
um tiranete de cordel é capaz de transformar o mundo.
Qualquer
observador de rua que passasse, aí pela
hora da digestão do almoço, perguntaria se se tratava de uma “faena” taurina ou
de um combate entre duas potências beligerante: alta segurança, armadura
policial, uns ostensivamente vestidos, outros oficialmente despidos, separadores
em baias, enfim, um aparato de prevenção e quase sufoco. Todo o dia o badalo
noticioso não parou de tinir por tudo quanto é canal de ver e ouvir. Podia o
Presidente Marcelo cair duas ou três vezes estatelado no chão do Bom-Jesus de
Braga, que ninguém dava por ele. Podia até a selecção de Fernando Santos ter
perdido com o Irão, que os olhos e as orelhas do mundo português deixavam a
Rússia e jogavam-se para o “Altice Arena”.
Mas
que “levante” era esse e que medonha guerra irrompia nessa arena?... Não eram continentes
em fúria nem monstruosos boxeurs coreanos vs americanos, nem sequer equipas
rivais. Era uma assembleia de família, irmãos do mesmo útero, enfim, ombros do
mesmo traje às riscas verde-claras. Com polícia na estrada, no terreiro, na
grande sala de jantar. À entrada e, na mesma porta, à saída.
Nem
me rala saber resultados, o filme-fantasma já dá para ver e concluir. Ao ponto
a que isto chegou!!!... Até aonde leva este futebol de corrupção, ditadura, raivas
familiares, guerras fratricidas, facas longas na mesma alcova. Se o fora nas
arenas políticas e nas lutas sociais… mas dentro do desporto que se quer
saudável, optimista, amistoso e libertador?! Incrível, asqueroso. Perante o
imprevisível ditadorzinho-tuga, “com mais olhos que barriga”, qualquer Trump ou Kim Jong-un não passam de básicos aprendizes-de-feiticeiro. E o próprio sargento
Adolfo dos fornos crematórios daria voltas na tumba com ciúmes do rapaz de
topete.
É
o que acontece quando Esopo nos conta a história da rã que teimava em inchar
até chegar a boi! Ou quando os chefes querem substituir os relvados por assembleias e
barras de tribunal.
O
mísero espectáculo que nos tem sido apresentado (nenhum dos outros fica longe
deste, como demonstra a foto) fará, de
certeza, com que muitos simpatizantes do desporto-rei se afastem dos rectângulos
e dos televisores. O melhor que se pode augurar, em terramotos domésticos deste
teor, é aguardar a implosão do prédio. O escândalo mal-cheiroso que tresanda e
a detestável deseducação que se dá a crianças, jovens e adultos deste país só
merecem um voto: que se danem! E em seu lugar desponte e floresça o verdadeiro
desporto de raiz, que constrói “alma sã em corpo são”.
23.Jun.18
Martins Júnior
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