É
a sina de quem teve a (boa ou má) sorte de um dia cair neste planeta: balouçar
entre dois postes, dependurado ora num ora noutro ou, quase sempre, nos dois,
dependendo inelutavelmente dos donos disto tudo, os que detêm dinheiro e poder.
É o chamado “Desconcerto do Mundo”.
Estamos
nessa. Basta olhar a paisagem dos hemisférios – os grandes, os médios e os
mínimos – para percebermos que habitamos um labirinto de antípodas, tais as
contradições que percorrem o corpo social, como larvas que não pedem licença
para entrar, com a agravante de nos contaminarem e anestesiarem.
Deixo
apenas as duas faces deste binómio feito de gente como nós:
O
Mundial de Futebol realiza a ‘impossível’ miscigenação de povos, culturas,
idiossincrasias, enfim, o mundo sem fronteiras. Ali, reincarna-se o espírito
helénico que une os hemisférios e os corações no pódio da universalidade ou na
ara do deus-futebol. Brancos, negros, amarelos, todos desenham no relvado o
arco-íris da humanidade. Europeus, africanos, asiáticos, todos têm assento por igual
no areópago das nações. Não obstante o espírito de emulação e competição que
domina o “Mundial”, o panorama global que sobressai atinge as proporções de uma
verdadeira Sociedade das Nações.
Do
outro lado, nos antípodas de ‘outro’ planeta, uma jaula enorme, descomunal e
fétida comprime indefesas crianças que estendem os frágeis bracinhos para os
pais que se despedem, forçadamente, dos filhos. Ali, mata-se a infância
desvalida retirando-lhe o amor e a dedicação dos seus progenitores. O poder
absoluto e o dinheiro afogam gerações, levantam monstruosos muros de
desumanidade. E o cinismo americano atinge o paroxismo quando a primeira dama
visita aquele poço de gritos e horrores para agradecer aos ‘cuidadores’
oficiais tanta generosidade e empenho em ‘zelar’ pelas crianças…
Que
mundo é este que somos forçados a habitar?!
Quando
virá o dia novo de abrir as portas da nossa “Casa Comum”?! Não pelo futebol,
mas pelo desafio maior do direito a Vida!
25.Jun.18
Martins Júnior
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