Hoje
sou forçado a mudar de registo. Da multiplicidade inspiradora, saída do Dia do
Ambiente, manda a consciência cívica, individual e colectiva, que faça hoje uma
deriva obrigatória para, precisamente em nome do Ambiente e da Ecologia, sacudir
energicamente o enxurro de aleivosias e insultos públicos que expeliram certas
goelas, (digo goelas, porque dotadas de poder discricionário) atiradas ontem ao rosto dos funchalenses e, ao
fim e ao cabo, de todos os madeirenses.
Não
perco tempo a pesar a gordura ou a medir
o esqueleto desse paquiderme-gibóia monstruosa vindo de uma selva de ‘massa.
ignorância e sofreguidão’ e atirada ali para as bandas do Ribeiro Seco. O que
só por si se mostra não carece de demonstração.
Mas
o que mais atordoa o pacato transeunte da avenida é o desplante de três exuberantes títeres da praça pública –
desplante mais descomunal que o próprio monstro armado – ao querer
convencer-nos da lógica e da justiça do injustificável. Argumentos nenhuns: só
o livre e desbragado alvedrio do seu real bestunto. “É assim, porque sim,
porque eu assumo, porque eu mando e porque eu quero”. E, à falta de argumentos,
puxa-se à corda o inimigo externo: “Se for um de fora achavam bem, mas se for
de um madeirense já acham mal”. Que farrapo de argumentação! Seria caso para
perguntar onde é que estão esses monstros feitos pelos ‘de fora’.
Conterrâneos
meus, voltámos ao músculo e ao berro de há décadas?... Querem os mesmos voltar
a embrutecer-nos e a embotar-nos a sensibilidade cívica e ambiental?... Para
onde caminhamos nós? E para onde caminharão as novas gerações?...
Mais
ridícula e, essa sim, embrutecida foi a charada de quem cantou em ritmo binário:
“Se fosse comigo, não aprovava isto”. E logo a seguir, OS PARABÉNS; “Ainda bem
que deixou a Calheta e veio para o
Funchal”. (Palmas, muito bem!). Estão
a escancarar risadas de quem? De nós ou de si próprios? Gravem o disco e
rebobinem a fita! Oiçam-se.
O
dinheiro não é tudo, E mesmo que seja ouro, não matem a galinha dos ovos de
ouro!
Fico-me
por aqui, mas a indignação não. Continua. Em nome do Ambiente, da respiração,
da saúde urbana, contra a opressão dos muros da cidade! Falo, porque sou
cidadão, madeirense, transeunte. E também, pelo modesto “saber de experiência
feito”, em tempos que já lá vão. Jamais esquecerei aquela resposta lapidar de um munícipe quando um
certo empresário pretendia construir um (chamemos assim) pequeno paquiderme-gibóia
e argumentava em seu favor: “o dinheiro é meu, faço dele o que quiser”, ao que
o cidadão reclamante respondeu: “O dinheiro é teu, mas o ambiente é nosso, o ar
é de todos, o sol é de todos”. E foi este o veredicto que venceu.
Que
cidade e que cidades deixaremos aos vindouros?!
07-Jun-18
Martins Júnior
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