Eis
a grande nova de 2018: Machico despede-se definitivamente da tumba bicentenária
em que o sepultaram, para fazê-lo renascer no cimo da montanha mais alta da nossa história!
Nesta breve crónica, circunscrita ao Dia
do Concelho, peço folga e chama para alçar, desde o seio da baía até à fímbria
altaneira de todo o vale, a bandeira virgem dos tempos que traz gravada para
sempre a certidão de nascimento – a autêntica – de Machico-Infante, menino de
ouro, de há seiscentos anos. Foi este o mote e foi a glosa de todos os oradores
na sessão solene, hoje realizada nos jardins do vetusto Solar de Machico,
podendo então considerar-se este dia como o adeus definitivo à falácia histórica
que relegava a “capitania primeira da ilha” para a trágica aluvião de 1803. Enfim, por
coincidência quase providencial, repor-se-á Machico no justo lugar que a
história lhe doou. Aguarda-se, apenas, que os órgãos autárquicos – Câmara e
Assembleia – deliberem esse apoteótico e merecido regresso às origens,
Recapitulando matéria dada, o 9 de
Outubro de 1803 possui, no cômputo cronológico, a exígua soma de 215 anos. Ora,
Machico, no grande planisfério da história orgulha-se de somar a opulento
espólio de 600 anos de vida. Primeiro, como porto acolhedor de Tristão e Zargo.
Depois, oficialmente como capitania em 8 de Maio de 1440. Fica, pois, no século XV e não no século XIX,
a raiz da sua nobre e valorosa árvore genealógica.
Entre 1419 e 2019 far-se-á a ponte
luminosa por onde passará entre palmas e flores o Menino-Infante de outrora.
Enfim, Machico deixará de vir escoltado pelo pavio de velas estearinas,
portadoras de credulidades obscurantistas. Pelo contrário, será a primavera de
Maio e será o sol de Julho que acompanhá-lo-ão nesta viagem até nós. O “Nosso
Dia de Aniversário” (afinal, somos todos filhos de Machico, de corpo ou de espírito)
já não será mais a noite lúgubre de lamentos e tornar-se-á a manhã clara e
promissora, tal qual a viu a aventureira marinhagem da nau “São Lourenço”,
quando aportou no improvisado cais do Desembarcadouro. Abandonar-se-ão os
acordes plangentes da marcha fúnebre e, em seu lugar, campeará a “ode triunfal”
do futuro, da ciência e do humanismo integral.
Enfim,
em 2019, Machico voltará ao centenário berço hexagonal, a que tem direito. Parabéns!
09.Out.18
Martins Júnior
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