terça-feira, 9 de outubro de 2018

MACHICO – INFANTE RENASCIDO


                                                              

Eis a grande nova de 2018: Machico despede-se definitivamente da tumba bicentenária em que o sepultaram, para fazê-lo renascer no cimo da montanha mais alta  da nossa história!
         Nesta breve crónica, circunscrita ao Dia do Concelho, peço folga e chama para alçar, desde o seio da baía até à fímbria altaneira de todo o vale, a bandeira virgem dos tempos que traz gravada para sempre a certidão de nascimento – a autêntica – de Machico-Infante, menino de ouro, de há seiscentos anos. Foi este o mote e foi a glosa de todos os oradores na sessão solene, hoje realizada nos jardins do vetusto Solar de Machico, podendo então considerar-se este dia como o adeus definitivo à falácia histórica que relegava a “capitania primeira da ilha”  para a trágica aluvião de 1803. Enfim, por coincidência quase providencial, repor-se-á Machico no justo lugar que a história lhe doou. Aguarda-se, apenas, que os órgãos autárquicos – Câmara e Assembleia – deliberem esse apoteótico e merecido regresso às origens,
         Recapitulando matéria dada, o 9 de Outubro de 1803 possui, no cômputo cronológico, a exígua soma de 215 anos. Ora, Machico, no grande planisfério da história orgulha-se de somar a opulento espólio de 600 anos de vida. Primeiro, como porto acolhedor de Tristão e Zargo. Depois, oficialmente como capitania em 8 de Maio de 1440.  Fica, pois, no século XV e não no século XIX, a raiz da sua nobre e valorosa árvore genealógica.
         Entre 1419 e 2019 far-se-á a ponte luminosa por onde passará entre palmas e flores o Menino-Infante de outrora. Enfim, Machico deixará de vir escoltado pelo pavio de velas estearinas, portadoras de credulidades obscurantistas. Pelo contrário, será a primavera de Maio e será  o sol de Julho que  acompanhá-lo-ão nesta viagem até nós. O “Nosso Dia de Aniversário” (afinal, somos todos filhos de Machico, de corpo ou de espírito) já não será mais a noite lúgubre de lamentos e tornar-se-á a manhã clara e promissora, tal qual a viu a aventureira marinhagem da nau “São Lourenço”, quando aportou no improvisado cais do Desembarcadouro. Abandonar-se-ão os acordes plangentes da marcha fúnebre e, em seu lugar, campeará a “ode triunfal” do futuro, da ciência e do humanismo integral.
Enfim, em 2019, Machico voltará ao centenário  berço hexagonal, a que tem direito. Parabéns!

         09.Out.18
Martins Júnior
        
          

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