sexta-feira, 19 de outubro de 2018

TODOS OS ANOS, PELO OUTONO…




Todos os anos pelo Outono – pontualmente entre 19 e 20 de Outubro -  “o coração, sino da gente” repicava desde a ilha até Lisboa, batia à porta de um velho amigo e juntava-me  à festa: Parabéns, José Manuel, mais um ano!
         Hoje, o coração bate de novo. E “porque morrer é (apenas) deixar de ser visto”, volto ao amigo octogenário para ovacioná-lo e dizer-lhe: Os anos já não contam para ti, mas todos os teus dias são nossos. Nossas as tuas palavras, nossos os teus gestos, atitudes, riscos e decisões, nosso o auto-retrato da coragem, da superação dos contrastes até à síntese global.
          Coragem, superação de contrastes, síntese existencial!
         Desde os bancos da “Casa Verde”, José Manuel foi o aluno brilhante, o colega horizontal no trato, o animador desportivo e, no fim da jornada, o padre exemplar, o pedagogo espiritual, o chefe de redação e director de jornal, o governante de Abril na Região Autónoma, o alvo dos ditadores regionais. Saltou o muro e foi o sociólogo, o mestre, o conferencista, o provedor criterioso e atento,  o esposo e pai, construtor infatigável de um mundo em marcha para a Vida!
         Imagem viva do caleidoscópio existencial, ele fez das suas oito décadas de vida uma doação plena, sem intermitência. Sinto-me feliz por afirmar que toda a sua vida foi um sacerdócio, naquilo que tal missão possui de mais nobre e libertador.
E é esse, precisamente, o traço que recorto mais impressivo, nesta data: após a sua opção pelo estatuto de esposo e pai, Paquete Oliveira não deixou de ser o Sacerdos de outros tempos, pela transparência de ideais e pelo empenho em alcançá-los, não para prestígio pessoal mas pelo imperativo de servir a grande causa comum da Humanidade. Numa altura em que paira na ordem do dia, a nível da Igreja, a dicotomia sobre o acesso do Sacerdos ao matrimónio, proponho como protótipo e guia aquele que, em 20 de Outubro de 2018, ostenta no firmamento da nossa história a luminosa constelação de oitenta e duas gloriosas estrelas!
Como quem “vê o invisível”, contemplo-as e inscrevo-as dentro de mim, enquanto bate em ritmo novo o “coração, sino da gente”.
A todos os seus - a minha mensagem!

19.Out.18
Martins Júnior

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