Fico na foz
Que a foz sou eu
Comigo veio tudo o que ficou
Na fonte e na margem do rio que me
trouxe
Vieram afagos de água doce
E a pesada mão salgada
Dos nocturnos pesadelos
Mais funda e lesta correu
Com sede do mar que é seu
Mas não foi o fim a foz
Porque uma estranha melodia
Ora mansa e terna ora bravia
Chegou também
Era o seu Dia
Logo mais largo que o estuário
Maestro-Mar Planetário
Bradou “DA CAPO” Torna-viagem
………………
Volta sempre à clave primeira
A partitura
A gota de água mareira
Sedenta procura
O materno penedo de onde saíra
E a foz que eu fora
Já não sou
Serei fio de água nascente
Serei fio de levante
Fio do fuso e da joeira
Fio do ferro e da bordadeira
Fio de amado e amante
Fio invisível de tudo
Que desta foz vos saúdo
Voltarei no cordão umbilical
De todo o sonho natal
……………
Toda a noite e todo o dia
Seja proclamada esta voz
Ninguém de nós
Jamais será foz
01.Out.18
Martins Júnior
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