Pegou
em moda o “Natal do Mercado”. Na cidade, nas vilas e aldeias a “Noite do
Mercado” é casa cheia. Primeiro, porque
é preciso sair à rua, cantar. Depois, porque é preciso “mercar” um natal, escolher - seja ele qual for – um figurino seu para
usar na lapela desta quadra necessária.
Por isso, mais que um mercado de natal,
o Natal é que é um mercado. Ele há para
todos os gostos. Quantos e tantos foram os natais e mais tantos e quantos o são
neste ano da graça de 2018?!
Quantos e quais Natais?!... É Natal
porque a ossatura dos cabeços e as artérias da cidade embebedam-se de luz, as
árvores escondem, envergonhadas, a sua nudez vegetal para trajarem fosforescências minerais. É
Natal porque a “lapinha” lembra os tempos de criança portas-adentro do
aconchego doméstico. É Natal, ainda, porque a saudade bate à porta e senta-se à
lareira para conversar e unir vivos e ‘migrantes’ nossos sem retorno. E há
também o Natal das “Missas do Parto” (quase sempre mais ‘parto’ que ‘missa’), a
carne de vinho-e-alhos ou vinha-d’alhos, conforme os paladares, o pandeiro e as
castanholas, o cacau a escolher dos braguinhas e concertinas, enfim, para miúdos
e graúdos, o Natal do “sapatinho”.
Na febre secular dos “600 Anos” ainda
não se tinha falado dos 600 presépios madeirenses. É o que vamos fazer. Um
percurso pedestre em volta da Ilha-Presépio, que é a nossa Madeira. Não o
figurativo das “escadinhas” nem mesmo o das pinturas flamengas compradas com
cheques de açúcar granulado, mas o monumento vivo de acontecimentos, pessoas,
gestos e pulsões que, em cada tempo e em cada lugar, tornaram presente o
Projecto do Único Natal que iluminou o planeta. Ver reincarnado em cada época o
Natal de Belém, o sonho libertador d’Aquele que, sendo o Maior, é o mais
diluído, para não dizer o mais esquecido, o sempre “estendido e deitado” na
manjedoura do gado!
“Eu vou correr a Belém/ Quem quiser
venha comigo”… Assim se canta por quanto é templo ou capela. Faço minhas as
palavras do folclore natalício. Quem quiser venha connosco, aqui, no modesto
salão de cultura e fé, que é o templo da Ribeira Seca. Viajar ao longo da nossa
costa territorial, cronológica e espiritual para redescobrir tantos presépios
nas pègadas da nossa história de ilhéus.
15.Dez.18
Martins Júnior
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