sábado, 15 de dezembro de 2018

600 PRESÉPIOS MADEIRENSES!


                                       

         Pegou em moda o “Natal do Mercado”. Na cidade, nas vilas e aldeias a “Noite do Mercado”  é casa cheia. Primeiro, porque é preciso sair à rua, cantar. Depois, porque é preciso “mercar” um natal, escolher  - seja ele qual for – um figurino seu para usar na lapela desta quadra necessária.
         Por isso, mais que um mercado de natal, o Natal é que é  um mercado. Ele há para todos os gostos. Quantos e tantos foram os natais e mais tantos e quantos o são neste ano da graça de 2018?!
         Quantos e quais Natais?!... É Natal porque a ossatura dos cabeços e as artérias da cidade embebedam-se de luz, as árvores escondem, envergonhadas, a sua nudez vegetal  para trajarem fosforescências minerais. É Natal porque a “lapinha” lembra os tempos de criança portas-adentro do aconchego doméstico. É Natal, ainda, porque a saudade bate à porta e senta-se à lareira para conversar e unir vivos e ‘migrantes’ nossos sem retorno. E há também o Natal das “Missas do Parto” (quase sempre mais ‘parto’ que ‘missa’), a carne de vinho-e-alhos ou vinha-d’alhos, conforme os paladares, o pandeiro e as castanholas, o cacau a escolher dos braguinhas e concertinas, enfim, para miúdos e graúdos, o Natal do “sapatinho”.
         Na febre secular dos “600 Anos” ainda não se tinha falado dos 600 presépios madeirenses. É o que vamos fazer. Um percurso pedestre em volta da Ilha-Presépio, que é a nossa Madeira. Não o figurativo das “escadinhas” nem mesmo o das pinturas flamengas compradas com cheques de açúcar granulado, mas o monumento vivo de acontecimentos, pessoas, gestos e pulsões que, em cada tempo e em cada lugar, tornaram presente o Projecto do Único Natal que iluminou o planeta. Ver reincarnado em cada época o Natal de Belém, o sonho libertador d’Aquele que, sendo o Maior, é o mais diluído, para não dizer o mais esquecido, o sempre “estendido e deitado” na manjedoura do gado!
         “Eu vou correr a Belém/ Quem quiser venha comigo”… Assim se canta por quanto é templo ou capela. Faço minhas as palavras do folclore natalício. Quem quiser venha connosco, aqui, no modesto salão de cultura e fé, que é o templo da Ribeira Seca. Viajar ao longo da nossa costa territorial, cronológica e espiritual para redescobrir tantos presépios nas pègadas  da nossa história de ilhéus.
        
15.Dez.18
Martins Júnior

Sem comentários:

Enviar um comentário