Tal
como na ordem biológica, em que cada rebento deita flor e fruto na estação previamente
designada, assim também há ideias e projectos que parecem predestinados à plena
maturação em determinados solos da história. Vejo-o, toco-o e assimilo-o na
Declaração Universal dos Direitos Humanos, acontecimento memorável comemorado
ontem, a propósito do seu 70º aniversário. Feito e assinado no Palais de
Chaillot em Paris!
Dezembro 10 – portal de entrada para o
mais retumbante areópago da história, quer se chame, palácio, parlamento, átrio
dos gentios ou assembleia das nações! Todos estes nomes reduzem-se à dimensão
de uma choça - a de Belém. Foi aí, na rusticidade mais estrénua de um estábulo
que se fez carne, testemunho e vida aquilo que, vinte séculos depois, ficou
estatuído e consagrado como “Declaração Universal dos Direitos Humanos”. Não
foi preciso Código jurídico-constitucional nem vieram sofisticados juristas nem
se ouviram doutas alegações finais. No corpo daquela criança e na mudez do seu
silêncio estava todo o grito da Mãe-Natura
clamando Justiça distributiva, Igualdade de direitos e dignidade, sem distinção
de cor, religião, fortuna ou nacionalidade.
Provam-no os pergaminhos de outrora, o
enxoval imaterial que lhe fora preparado. Dirijo-me, pois, à caixa postal de
todos quantos aceitarem esta mensagem e convido-os a interiorizar os anúncios e
prognósticos que, desde séculos e milénios, previram o nascituro de Belém,
nomeadamente Baruc, Isaías e Daniel, os profetas do Velho Testamento, precursores
da Grande Nova. Basta acompanhar os textos programáticos destes domingos premonitórios
(por isso, chamados de Advento) para lermos a redacção perfeita de todo o
articulado da Declaração Universal. “Com Ele (esse Menino) os altos montes
serão abatidos e os vales abissais serão preenchidos, para que toda a terra se
torne plana e transitável… Os caminhos tortuosos serão corrigidos… Os vossos habitantes
que foram levados prisioneiros como escravos dos inimigos vencedores
regressarão à sua pátria como filhos de reis. Os homens quebrarão as espadas de
guerra e delas farão foices e relhas de arado para arrotear a terra e fazê-la
produzir cem por um…E não haverá mais fome e não haverá mais guerra”.
Feliz coincidência entre a Declaração
Universal, em Dezembro abrindo, e a eloquência de Belém, em Dezembro findo! A
beleza das metáforas bíblicas, aliada à força profética das ideias, faz deste
outono-inverno a esperança portadora daquela primavera igualitária, a única que
restituirá ao mundo a felicidade perdida ou denegada.
Corações
ao alto e mãos à obra!
11.Dez.18
Martins Júnior
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