Eremitérios
há onde a Morte torna a Vida maior que ela. E é quando do silêncio da tumba
emergem cânticos inauditos, à mistura com os crepes da saudade
Outros
dedicar-lhe-ão místicos salmos, elogios fúnebres, inspiradas loas de merecida
apoteose na hora da largada para o Grande Oceano.
Da
minha parte, anónimo entre as gentes, vou levar-lhe o ramalhete rubro-lilás que
trago atado ao peito desde aquela manhã de 8 de Fevereiro de 2006, em terras
eborenses.
Ao
colega de Seminário, ao Coadjutor da minha freguesia, Machico, depois meu
Professor de Teologia Dogmática, ao eminente Arcebispo, dedico e entrego o mesmo
feixe de gratidão que nessa mesma data deixei sobre o féretro do seu - tão
humano e generoso - predecessor, D. David de Sousa..
Jamais
esquecerei o gesto nobre e corajoso quando me admitiu a concelebrar nas
Exéquias Solenes de D. David de Sousa, o então centenário Bispo franciscano que
na Sé do Funchal me ordenara Sacerdote em 16 de Agosto de 1962. Para quem se
achava proscrito na própria ilha, o gesto do de D. Maurílio, selado com um
abraço amigo, teve todo o sabor de quem vê abrir-se a porta de uma prisão
ingrata. Por isso, a mancheia de flores que lhe trago tem o vermelho dos cravos
e o humilde, oloroso perfume das violetas.
Travessa da Saudade,
nº 6, foi o seu berço, em Santa Luzia
do Funchal, desde há 86 anos. E sereno ficará connosco para sempre no horto de
uma Saudade, precursora do Reino da Felicidade.
19.Mar.19
Martins Júnior
Comungo plenamente desse poema entranhado nas mais profundas vísceras de uma alma que ama a quem ama e perdoa a quem não se digna amar. UM ABRAÇO AMIGO.
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