Bastou
o segundo imutável e severo para erguer-se a ponte que me leva do dia da verdade
à noite da mentira. Ponte sobre os rios
invisíveis que apartam a luz das trevas. Mais te valera, ó ponte, que arquitecto
algum te houvesse concebido!
Sabendo
que o outro lado é escuro e que movediça como o lodo é a mentira, onde
assentará o pilar sustentáculo da ponte? Talvez que ela, afinal, nem exista
sequer. Talvez que seja eu a mesma ponte e o seu transeunte… Quem sabe se não serão
todos os dias essa ponte que, de tão íntima e discreta, nem damos por ela?!
Amanhã,
“primeiro de Abril” de cada ano, verei
eu e veremos nós de que palavras nossas e nossos passos é feita a estranha
passadeira que nos leva, todos os dias, da claridade ao negrume, da
transparência à opacidade, enfim, da verdade à mentira.
31.Mar.19
Martins Júnior
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