domingo, 5 de março de 2023

OURO EM PORT8UGAL – DE NOVO “DUO OURO NEGRO” DO MAIS FINO QUILATE

                                                                                


É preciso respirar o ar puro de uma nova manhã. É preciso sair à rua, nãos apenas de punhos fechados, mas de braços abertos – tão abertos e tão extensos que cubram os escombros das neuroses da mãe-natura e as ossadas em que o selvagem homem pré-histórico quer transformar  o que resta do planeta azul.

            E a manhã clara viaja até nós na epiderme negra de um novo “duo” – Auriol Dongmo e Pedro Pichardo – vitoriosos nas pistas turcas da lendária  Istambul.

No coração do Ouro ao peito dos medalhados brilha prioritariamente o seu esforço pessoal, a resiliência de ânimo e o investimento orgânico, a que se junta a vontade indómita de vencer barreiras, não tanto as da pista, mas as côr da pele e do estigma migratório. E para Portugal não menos avultam os melhores louros do sucesso por ter dado ao mundo uma inequívoca prova  de multiculturidade étnica  e amplo sentido de acolhimento, cujo saldo final fica bem patente e supervalorizado em eventos internacionais de alto nível. Está suficientemente demonstrado que o imigrante –  somos país e regiões marcadas pela emigração – em vez de pesar como encargo público, evidencia-se de forma notória como factor de crescimento e prestígio civilizacional.

Aos que teimam em reacender na forja do racismo o ferrete da exclusão cega e hostil, o ouro da dupla Auriol-Pichardo proclama urbi et orbi a candente mensagem de António Gedeão no  poema A Lágrima de Preta, cientificamente analisada em laboratório, concluindo com um misto de eloquência e cáustica ironia:

                                               Nem sombra de negro

                                               Nem vestígios de ódio

                                               Água (quase tudo)

                                               E cloreto de sódio

            “Duo Ouro Negro” - cognominei a dupla vencedora que, mais uma vez,  catapultou Portugal no mundo desportivo e multiétnico. Fi-lo e não lhe resisti, porque as ondas hertzianas que me circulam no cérebro e no coração trouxeram-me os tonalidades cativantes e mobilizadores do Raul Indipwo e do Milo MacMahon, o famoso DUO OURO NEGRO, nascido em Angola, que enfeitiçou o universo musical português e não só durante três décadas do século passado. Recordo a sua presença entre nós em 1982 e aquela canção emblemática em pleno centro da então Vila de Machico: Os homens fizeram Um acordo final, Acabar com a fome, Acabar com a guerra, Viver em amor.

            Os acordes deste Acordo Final ainda ecoam, por certo, no subconsciente sonoro daqueles que ouviram o famoso Duo e, por isso, quis juntá-los na mesma partitura da nova dupla Auriol-Pichardo, reeditando no século XXI a mesma saga de universalismo cultural como uma pista segura para a Paz no mundo.

Tempo de respirar um sopro de ar puro do optimismo e da esperança!

 

05.Mar.23

Martins Júnior       

 

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