segunda-feira, 27 de março de 2023

SEMPRE A CRIANÇA NO CENTRO DA HISTÓRIA – “SEM A DEVOLUÇÃO DAS CRIANÇAS UCRANIANAS, NUNCA HAVERÁ PAZ”

 

       


Ficamos aturdidos com os cenários de guerra de Mariupol e os massacres de Butcha, uma paisagem fatídica de escombros onde, há um ano, floresciam celeiros e cidades por toda a Ucrânia. Mas, talvez por isso,  nos passe desapercebido o massacre do futuro de um país, que muitos configuram como um claro genocídio perpetrado pela Federação Russa quando enche comboios e autocarros de milhares de crianças forçadas a separar-se dos pais e encaixotadas em estabelecimentos russos, onde têm de esquecer a própria língua materna e a memória do seu país.

         O jornal Le Monde, na sua edição do último fim-de-semana, chama a atenção de todo o mundo para este maquiavélico processo de russificação das futuras gerações e consequente destruição de uma civilização autóctone.

         Trata-se de uma veemente petição ao Tribunal Penal Internacional, subscrita por seis personalidades, entre as quais o escritor Jonathan Littell, em que são acusados Vladimir Putin e a comissária para os “direitos das crianças”, Maria Lvova-Belova, de organizar, já antes do 24 de Fevereiro/2022, a deportação em massa de menores retidos em instituições do Donbass, dando lugar à “maior operação de expulsões e adopções forçadas desde o fim da segunda guerra mundial”.

Denuncia a petição a “destruição psicológica” da identidade d.

e um povo, até com recurso à alteração de passaportes e à queima de livros.  .Quanto aos atentados criminosos – roubos, violações, câmaras de tortura, fossas funéreas, cortes de água e alimentos, electricidade e comunicações – são comparados ao “genocídio orquestrado por Stalin em 1932 e 1933, em que morreram quatro milhões de ucranianos e a que se seguiram deportações massivas”. Sublinha o texto dirigido ao TPI que estamos perante uma “política deliberada de destruição biológica e psicológica, destinada a desumanizar as vítimas e espalhar o terror em toda a população”.

O mandado de prisão a Putin e a Belova constitui a expressão genuína e consistente de quase um milhão de europeus que subscreveram tão justíssima pretensão, advertindo os restantes Estados a que façam  da deportação de crianças a inultrapassável “linha vermelha”, ao mesmo nível do respeito das fronteiras da Ucrânia.

         Na reportagem de Le Monde, ganha força global a palavra do Prémio Nobel da Paz, Aleksandra Matviichuk:

É nossa obrigação colocar os criminosos frente às suas responsabilidades e levar à justiça todos estes crimes de guerra. Os direitos humanos devem ser a base de todas as decisões políticas.

Mas o grande grito de alerta, a mais poderosa palavra de ordem para a reconquista da Paz é a que foi reproduzida no Conselho da Europa, em Reykjavik, e que ultrapassa os sinuosos tratados de cessar-fogo ou os invertebrados, porque interesseiros, planos de paz de Pequim. É pelos  alicerces do futuro que se vislumbra o mundo novo. Pelas crianças. Inscrevam já na Praça Vermelha o aviso do citado Conselho Europeu:

Jamais poderá desenhar-se qualquer perspectiva de Paz enquanto não regressarem à sua pátria todas as crianças deportadas em território russo.

A Criança – sempre a Criança – no centro da história !!!  

 

27.Mar,23

Martins Júnior

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